segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Rituais de fim de ano são desculpas para organizar a cabeça

Pelo menos os meus são! Os teus não?
Tirei um recesso de duas semanas aqui do blog, e de boa parte das outras coisas internéticas, para isso (tá, eu sei que deveria ter avisado antes, mas agora estou de volta :) ).

Não sou religiosa nem supersticiosa, mas desde que resolvi ser adulta, aos 18 anos, tenho meu ritual de fim de ano. Meus pais são religiosos praticantes e com muita fé: meu pai, católico, e minha mãe espírita. Ambos são pessoas muito criticas, que nunca impuseram a religião e nenhum dogma a mim e a minha irmã,  mas vivem com muita intensidade as datas cristãs, e de uma maneira bem peculiar nossa. Então, na minha família, tudo é motivo para ficar introspectivo e refletir, e adoro essa característica nossa (mas também adoro ter namorados e amigos que têm famílias que se reúnem para celebrar, porque eu posso me divertir celebrando uma ou duas datas e fugir de todas as outras - meu negócio é diferente). Não somos muito ligados a dar e receber presentes e as festas de Natal e Ano Novo sempre foram bem íntimas, com quatro ou cinco pessoas na casa, no máximo - pelo menos desde que eu me lembre: sei que antes de eu nascer e quando eu era bebê, era diferente.
Então, no recesso entre o Natal e o Ano-Novo, desço TUDO de todos os armários, revejo todos os arquivos, todas as roupas, toda a papelada, jogo no lixo o que é lixo, separo coisas que podem ser doadas ou úteis para outras pessoas, e organizo em arquivos e faço catálogo de tudo o que eu acho que vou precisar um dia. O ano novo é realmente novo, com a sensação de não ter nada "entupindo" minha liberdade, pelo menos não dentro do quarto, e espaço sobrando nos armários para receber o que vier ao longo do ano que chega. Na primeira vez, quando revi toda a minha infância e adolescência, a faxina durou dois dias; nos anos seguintes durava um turno ou dois, no máximo. E como tenho que envolver música em tudo, sempre escolho um álbum pra ficar tocando no repeat até a coisa acabar. Nem preciso dizer o quanto essas músicas acabam sendo significativas para mim, né.

Esse ano, boa parte da faxina do fim de ano já foi feita em novembro, porque minha casa foi reformada e eu não tive escolha além de organizar a bagunça para não perder coisas importantes. E a trilha da vez foi Buena Vista Social Club, álbum homônimo, de 1990. Pra fazer tudo dançando. Será também a trilha da faxina final de agora, certamente. E o seu ritual, qual é?

3 comentários:

Fernando Borges disse...

Fiquei curioso... Como você fez pra rever toda a sua infância e adolescência? Deitou num cantinho e analisou tudo? Escreveu?

Eu também estou fazendo isso (essa revisão), escrevendo, e faz quase um ano já. Não que eu tenha escrito muito, mas estou fazendo isso aos pouquinhos rsrs

Mariana K disse...

O negócio é que tenho um armário embutido, daqueles antigões, ocupando uma parede inteira do quarto que foi meu lá na casa dos meus pais. Um dia ele serviu para acomodar as minhas coisas e as coisas da minha irmã mais velha, mas quando ela foi fazer faculdade e saiu de casa (quando eu tinha uns 9 anos) o armário passou a ser só meu. Então acumulei MUITA tranqueira a que eu era apegada, que achava que pudesse ser de valor emocional.
Então, quando fiz a limpeza, tive que rever todos os objetos, reler tudo o que escrevia e desenhava, experimentar todas as roupas e sapatos para decidir o que guardar e o que descartar. Vem um turbilhão de pensamentos, sabe? Lembranças de cenas, de sentimentos. Por isso que reorganiza a cabeça também. Tudo que eu guardo é por algum motivo, revendo é que deu pra avaliar se o motivo era fútil, se era por medo, se aquilo era realmente significativo...

Fernando Borges disse...

Engraçado você dizer isso, pois ainda ontem eu estava tirando o pó de uma prateleira e achei um monte de livros, revistas, histórias em quadrinhos etc. da época da minha infância. Aí resolvi fazer um post sobre o assunto, então fui tirando umas fotos dos livrinhos, escrevendo sobre eles e relembrando tudo.

Pra mim é mais uma coisa de relembrar acontecimentos, sentimentos,experiências e atitudes e tentar entender de que forma isso repercutiu na minha vida e na formação da minha personalidade.

Fico no aguardo dos próximos posts!