segunda-feira, 23 de abril de 2012

6 itens para lidar melhor com a divisão de tarefas domésticas - para mulheres

Uma das coisas que não mencionei, em nenhum dos textos (nem nesse nem no anterior) foi a possibilidade de algumas pessoas de manter empregada doméstica (tem um texto legal sobre isso aqui). Só porque quando estou escrevendo penso em mim mesma em gente jovem que provavelmente está começando a vida, morando sozinh@, universitário, estagiário, com pouco dinheiro... E admito que não abri muitas possibilidades para casais não-hetero, principalmente porque imagino que na relação homem-mulher esses papéis sejam mais "subentendidos" e menos discutidos (pode ser preconceito meu também).

Apesar disso a lista para as mulheres é tão longa quanto a dos homens, ainda que tenha menos itens (é, tenho que aprender a fazer posts mais curtos...). Fiquei revisando por dias pra ver se não deixava nada de fora, mas acho que, talvez por eu ser mulher e já ter vivido essa situação de vários pontos de vista/papéis diferentes, me pareça tão multifacetado que é difícil abarcar todas as possibilidades. Escrevi o que lembrei.




1. Não queira ser super-mulher. Ter jornada dupla ou tripla não é seu dever "natural" por você ter nascido com uma vagina no meio das pernas. Os tempos mudaram e os papéis não são mais fixos. Se antigamente só os homens trabalhavam e as mulheres só cuidavam da casa, agora ambos podem transitar entre os dois papéis. Apesar disso, algumas pessoas tentam de alguma forma manter aquele sistema antigo, incluindo o trabalho na vida da mulher sem equilibrar a balança - e pior, tem gente que diz que quem fez isso foi o feminismo! Gente, quem faz isso é o machismo. Quem diz que você tem que ser excelente em tudo o tempo todo para ser considerada tão bem-sucedida quanto um homem comum, que faz apenas suas tarefas normais, só pode ser um sistema que vê as mulheres como inferiores. Mas você não precisa concordar com isso!

2. Dê valor para o seu tempo. Temos só 24h por dia e um limite de energia - e são essas poucas horas e essa energia limitadas que tod@s têm que distribuir entre dormir, ir na academia, socializar, fazer sexo, estudar... E, entre outras coisas, limpar e arrumar a casa com perfeição de capa de revista de decoração. São raros os dias em que dá tempo de fazer tudo com qualidade. Se pergunte qual dessas coisas é mais importante fazer com qualidade, para você. Em que vale mais a pena gastar o tempo livre.

3. Não seja escrava de si mesma (vulgo a neurótica da limpeza).
 Aqui no Brasil, boa parte d@s don@s de casa de classe média-alta têm uma escrava empregada apenas para limpar a casa. E aí sempre ouvimos que se cada canto da casa não estiver limpo, polido e desinfetado, é porque a empregada é relaxada, né? Mas dentro da sua casa, se você não está sendo paga, quem está te cobrando perfeição? Esse "patrão" te dá alguma compensação além de estresse?

4. Enxergue, e faça os outros enxergarem, que tarefas domésticas SÃO trabalho. As tarefas relacionadas à intimidade sempre foram desvalorizadas, mas só quem faz faxina todo dia sabe quanto é cansativo. Se você está sobrecarregada, não precisa de dicas de revista para lidar melhor com as jornadas múltiplas, e sim da ajuda das pessoas que estão ao seu redor. O senso comum diz que mulheres são mais perfeccionistas, e que homens "não sabem fazer serviço de casa" - criando donas de casa controladoras, centralizadoras - só que isso não é exatamente verdade. Entenda, e faça seus colegas ou sua família entenderem, que mulher também é gente.
4a. Não veja o serviço doméstico como um favor que você faz à sua família/colegas. Fazer o serviço dos outros por eles não vai necessariamente ser reconhecido como um favor. Muito menos será um favor retribuído... E isso não é porque os outros são ingratos, e sim porque... Você fez porque quis, mesmo.

5. Diminua o estresse do dia da faxina. Tente não se aborrecer (e não aborrecer os outros) por achar que o jeito deles fazerem suas tarefas não está "certo". Claro que sugestões podem ser feitas, mas se tem que ter delicadeza: @ outr@ também tem sua cultura, viu a mãe fazer daquele jeito, etc. E se você acha o trabalho da pessoa lento demais, pode ser que el@ ache que você não está caprichando, por estar fazendo rápido, por exemplo. No fim, quem está certo? Ninguém.

6. Esteja disposta a ensinar. 
Se você convenceu a criatura a te ajudar, seja paciente com a falta de hábito (e com uma eventual má-vontade) del@. Nas primeiras vezes que a gente faz qualquer tarefa, ela sempre parece mais cansativa, mais longa e mais difícil. E ter alguém ralhando não é exatamente um estímulo. Se a criatura em questão nunca fez uma faxina na vida, é mais culpa da família e da sociedade que @ educou assim do que del@ própria.

Espero que seja aproveitável! Sugestões, discordâncias, adendos, comentários, são bem-vindos.
Boa semana!

Um comentário:

Fernando Borges disse...

Oi! Gostei desse post e do anterior. Estou escrevendo um post inspirado no post anterior. Era pra eu ter postado faz tempo, mas sempre que eu reviso eu fico com a sensação de que ainda não está bom. Enfim... Estou tentando passar pro texto um pouco da minha experiência como alguém que cresceu tendo irmã e mãe pra fazer as coisas da casa e, embora tivesse certa pressão pra que eu ajudasse, isso não era uma exigência. Já pra minha irmã era algo que não cabia discussão. Ela tinha que ajudar e ponto.

Bom, dê uma lida por lá quando eu postar.

Abraço