quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Blogagem pela descriminalização do aborto: pitacos retardatários

Como estou completamente bitolada da realidade por causa do meu queridíssimo recital de graduação, que está tomando 150% do meu cérebro e tempo, perdi a blogagem coletiva que as Blogueiras Feministas convocaram pelo Dia Latino-Americano e Caribenho pela Descriminalização do Aborto, que foi ontem, dia 28/09 - data estabelecida em 1990, no V Encontro Feminista Latino-Americano e do Caribe.
Aqui está o link para o post delas, que redireciona para várias outras postagens. Não consegui ler tudo, obviamente, mal estou conseguindo fazer meus trabalhos de meio de semestre sem virar a noite. Mas os poucos textos que li valeram muito a pena. Esse povo é muito bom, visse? :)

A essa altura, o que posso fazer é comentar a repercussão que vi sobre esse dia.
O blog da Lola (infelizmente) listou vários xingamentos, maldições, desejos de morte (!) dos supostos pró-vida. Me lembrou os tempos de orkut, da comunidade Aborto Não Deve Ser Crime sucessivamente deletadas, das primeiras comunidades que volta-e-meia eram invadidas por trolls com problemas de ortografia (AÇAÇINOS!)... Deus me livre. Não tenho mais estômago.
Mas sinceramente não acho que seja maldade desse povo (tá, um pouco é). É mais falta do que fazer e um costume muito forte e inquestionado de seguir o senso comum. 
Quer dizer, se legalizar o aborto fosse uma questão de simplesmente dar OK para matar bebês, não existiria ninguém a favor, né? Ninguém gosta da morte. Quem é a favor da legalização do aborto é a favor que a mãe possa escolher não ter um filho que ela sabe que não vai conseguir amar, que ela não vai ter condições econômicas ou emocionais para criar. Isso sim é ser a favor da vida, porque é respeitar a vida humana com toda a sua complexidade, com qualidade de vida, e não a favor da vida-sobrevivência simplesmente. (se você está pensando "pq não pençou niço enquanto fasia??!!!" palmface para você. Os trolls do orkut falavam isso aí também! Se você pode pensar em questões polêmicas enquanto transa, tem motivos pra invejar quem engravida sem querer, mesmo)

Lembrando: as pessoas normalmente defendem a legalização do aborto até o terceiro mês de gestação, que é como funciona por aí nos países onde já é legal - geralmente países desenvolvidos - e alguns admitem uma margem maior para o caso de problemas de desenvolvimento do feto, como anencefalia, por exemplo. E só! Ninguém defende que se mate uma criança quase nascendo. Olha só como é um embrião de 6 semanas (do tamanho de um grão de lentilha). Não é assim tão parecido com um bebezinho gordinho e sorridente, né.

Eu posso dizer que, para mim, houveram algumas surpresas agradáveis. Para o bem ou para o mal só uso uma rede social, o Facebook (que já ando pensando em deletar), e vi algumas pessoas inesperadas da minha lista se manifestando a favor da legalização, mesmo que sutilmente, e nenhuma reação contrária. Nenhuma! Devo ser uma pessoa de sorte, ou já estou com tantos amigos aleatórios adicionados que o facebook já seleciona os que vão escrever o que eu vou gostar de ler. (não duvido da onisciência dessas coisas!)
Enfim.
Vou voltar para o meu trabalho.
Abraços e até a próxima!

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Escrevendo

Estou escrevendo uma série de posts sobre timidez, que eu espero que algum dia alguém possa gostar de ler.

Em outros posts, falei sobre como decidi fazer esse blog para exercitar minha escrita, minha expressão. Pra alguns pode parecer besta, mas foi um passo enorme para mim abrir e manter o blog no ar, com URL e caixa de comentários pública e tudo o mais... Afinal para exercitar a expressão eu poderia simplesmente escrever e salvar no computador, ou escrever num caderno de papel mesmo, né?

O caso é que escrever para um possível público é uma sensação muito diferente. É uma exposição. Em outros tempos, minha maior preocupação na hora de escrever era não parecer vazia, ou fútil, ou boba. Mas faz um tempo que eu percebi que as pessoas que eu acho legais, profundas e inteligentes nesse mundo não fazem muita coisa com o objetivo principal de fazer as pessoas acharem isso delas, então estou tentando seguir esse caminho aí. Claro que  no fundo, no fundo o objetivo continua egoísta e mesquinho, mas agora eu quero que as pessoas apreciem e se interessem pelos assuntos do meu blog, que o que eu escrevo acrescente alguma coisa a elas. E isso dá uma baita ansiedade quando você tem uma parte grande da tua consciência te induzindo a pensar que suas ideias e a forma com que você as expressa não são lá grande coisa.

Apesar da ansiedade e do "tempo perdido", acredito que escrever um blog seja uma das formas mais legais e talvez mais eficazes de se obrigar a se comunicar com as pessoas. Mesmo que nesse caso sejam leitores imaginários, já que raramente recebo algum comentário. Você pode planejar o que vai dizer, e pode também se obrigar a planejar menos, o que é muito legal quando o nervosismo passa. Quer dizer, em algum momento eu tenho que parar de corrigir e clicar no botão "publicar postagem". Sempre parece uma decisão tão drástica! Mas percebo que o receio, e também que o tempo que gasto escrevendo e revisando os textos, tem diminuído conforme eu vou pegando prática e escrevendo mais.

Por isso que eu não escrevo muito no blog. Tem dias que acho tudo inadequado, escrevo parágrafos quilométricos e apago tudo, escrevo e reescrevo, mudo sintaxe, contexto, e não fico feliz. Muitas vezes me frustro e concluo que não tenho nada pra dizer sobre algum assunto naquele momento, mesmo sentindo alguma coisa ferver dentro de mim quando penso ou me deparo com ele. Muitas vezes despilho de escrever, porque "ninguém vai ler mesmo"... (nessa, acho que acerto com alguma frequência...)

Então, peço desculpas para você que está lendo isso agora pelos meus problemas de expressão, pelo exagero, pelo drama... :P
Um dia quem sabe isso vai melhorar. Acho que vai.

Abraços, Mariana

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Sem carro

O assunto já está meio velho: dia 22, foi o Dia Mundial Sem Carro.
Em Porto Alegre, o dia foi marcado com a inauguração da construção de uma ciclovia na Avenida Ipiranga, uma das maiores e mais fedidas avenidas da capital, junto ao Arroio Dilúvio, que corta uma boa parte da cidade. Rolou também bicicletada, certamente deve ter rolado algum evento da massa crítica (aquele povo de bicicleta que foi atropelado estilo strike de boliche, lembra?).
Pessoalmente, acho lindo o povo que tem coragem de andar por Porto Alegre de bicicleta. Admiro mesmo. Não posso andar de bicicleta porque não me sinto bem nelas. Sabe aquele tipo de pesadelo que todo mundo tem às vezes, repetidamente, de que está sendo perseguido e não consegue correr? O meu pesadelo é que estou em cima de uma bicicleta que não consegue parar, e fico atropelando e derrubando coisas, pessoas, bichos. É ridículo, eu sei. Mas me dá uma angústia. Prefiro ir a pé ou andar de ônibus, que apesar de ser caro, eu não acho ruim. Apesar disso, vou acompanhar com muita ansiedade a implantação dessa ciclovia, porque ela representa não só a possibilidade desse povo se locomover com segurança, mas também a institucionalização de uma mudança de pensamento. A ciclovia me diz: "alguém que tem poder e dinheiro está tentando fazer o povo deixar os carros um pouco de lado, em benefício das pessoas". Nesse mundo maluco em que muitas vezes os discursos só são valorizados quando podem ser vendidos, esse tipo de coisa mostra que pode acontecer uma mudança no pensamento. Dá uma esperançazinha no peito... mas meu lado racional duvida que a ciclovia vá ser respeitada. Aqui na Rua da República tem uma ciclovia que é uma ofensa a quem usa bicicleta como meio de transporte. Ela SEMPRE é usada como estacionamento para carros e já vi mais de um motorista buzinando, irritado, para algum herói que resolveu andar de bicicleta naquela via. Vamos ver como vai ser lá na Ipiranga. Tomara mesmo que seja diferente.

Pra mim, o que marcou o Dia Sem Carro foi a ironia de ter passado quase duas horas e meia dentro de ônibus, indo e vindo dos trabalhos e das atividades do dia-a-dia, respirando fumaça.
Não ando de ônibus todo dia, então não sei qual a rotina, nem sei dizer se o trânsito estava melhor ou igual a sempre por causa da data. O que sei é que toda vez que tenho que encarar uma dessas situações, penso em como eu quero morar, estudar e trabalhar perto do centro pra sempre. Em como eu quero nunca ter um carro nessa vida. E às vezes penso no dia em que vou acabar comprando um carro porque minha mentalidade ou minha vida vão mudar e eu vou achar que isso é necessário, e me angustio pra caramba.

Enfim. Tenho que ir para a aula (a pé).
Recomendo ler, sobre o Dia Sem Carro: Blogueiras FeministasSul21
Abraços.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Homofobia, você já está envolvido nisso

Hoje, no Jornal do Almoço da RBS TV - Porto Alegre, foi apresentada uma matéria sobre gays e homofobia no RS. Não vi a matéria inteira, mas a parte que vi já me motivou a escrever esse post.
Tenho alguns pés atrás com jornalismo, porque boa parte da mídia se posiciona como se estivesse dando "A Notícia", mostrando "A Verdade" d"Os Fatos", quer dizer, como se aquilo que eles mostram fosse imparcial e apartidário e não apenas uma das formas possíveis de se contar uma história. Nesse caso, a parte que eles mostraram foi a parte que eu concordo, então achei muito bom ;)
Aqui está o link para o vídeo do 4º bloco do programa.

Na parte que vi, foi apresentada uma enquete feita com os internautas sobre manifestações de carinho entre homossexuais, e o resultado me deixou realmente chocada.
40% dos entrevistados achavam "estranho" e mais de 25% achavam chocante! Carinho, chocante?!!
Na mesma matéria, um ator foi colocado no centro de Porto Alegre, representando um gay pedindo assinaturas contra a homofobia. Todas as pessoas mostradas na reportagem foram contrárias (eu realmente espero que tenha havido comentários a favor! Eu QUERO ter fé na humanidade). A identidade das pessoas foi preservada, mas a maioria das pessoas que apareceram era homem, branco, jovens ou de meia-idade e bem-vestidos. Gente que provavelmente não faz nem ideia do que é sofrer preconceito por ser o que se é.

Um comentário me impressionou particularmente, de uma pessoa dizendo que "não queria se envolver". Me emputeci. Che, não dá pra não se envolver, não existe imparcialidade numa coisa assim. Se você não está contra a violência e a discriminação, então você está favorecendo ela, necessariamente, quer goste disso quer não. Tá na lei, se você vê um crime sendo cometido e não faz nada para pará-lo, está sendo cúmplice e a pena pode ser tão grande quanto a pena do próprio crime.

Então, o amor é chocante pra um quarto das pessoas que responderam a enquete, mas só o amor, porque pelo jeito a violência não choca; todos sabem o que acontece mas "não quer se envolver", né?
Nojo desse mundo.

Termino o post com uma citação que um amigo meu compartilhou.
Primeiro, os nazistas vieram buscar os comunistas,mas, como eu não era comunista, eu me calei.Depois, vieram buscar os judeus,mas, como eu não era judeu, eu não protestei.Então, vieram buscar os sindicalistas,mas, como eu não era sindicalista, eu me calei.Então, eles vieram buscar os católicos e,como eu era protestante, eu me calei.Então,quando vieram me buscar...Já não restava ninguém para protestar. 

--- MARTIN NIEMÖLLER ---

Você também se cala?

Abraços e bom fim de semana.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Introspectiva em recuperação

Ser tímidx não é fácil. Ainda mais quando, no fundo no fundo, você é ácidx, temperamental, de personalidade forte.
E ao mesmo tempo curiosx, abertx, generosx. E tudo isso com intensidade, com profundidade, ao mesmo tempo, agora.
O que as pessoas normalmente chamam de alguém "sensível".
Num mundo que está o tempo todo reforçando esteriótipos, quando você olha pra si e se vê assim múltiplx, é como se você fosse um monte de estilhaços.
Parece que é você que tem valores estranhos, e não a sociedade.
Se você está sozinhx, tudo toma proporções maiores ainda. As ideias podem se enrolar e deturpar sem nenhuma interferência. Inseguranças viram certezas, dúvidas viram pavores. E se você sabe ou pensa que não há alguém que vá lhe ouvir sem lhe desprezar, a solução mais óbvia é se fechar no seu próprio mundo e fingir que está tudo bem.
Até que um dia você percebe que, enquanto você espera a hora certa pra falar algo realmente legal, as pessoas estão pensando que você não tem nada pra dizer.
Que, por não querer que as pessoas tenham pena de você, você toma atitudes arrogantes.
Que por tentar não incomodar os outros com a própria estranheza, as pessoas te vêem como alguém que anda por aí se esgueirando.
E o que é pior: uma hora você percebe que ninguém está contra você. E que, às vezes, você mesmo vê outras pessoas assim.

Ninguém sabe se ela se esconde para se proteger ou para atacar
Quando adolescente, eu tentei me encaixar em vários grupos. Nunca consegui, e me arrependi de várias coisas que fiz.
Hoje, acho que nunca quis me encaixar em grupo nenhum. O que eu queria era ter uma referência, umas verdades absolutas para acreditar, regras pra nortearem a minha vida, coisa que não tive "de berço" e, pela imaturidade, não poderia estabelecer sozinha. Mudava de foco simplesmente porque não encontrava a verdade naquele grupo.
Se dar conta de que não existe verdade absoluta sobre o que é certo ou não é, sobre as pessoas, sobre você mesmo, talvez seja a parte mais difícil da vida dx tímidx. Se convencer de que você não tem obrigação de saber a reação das pessoas. De que não existe um culpado quando alguém não gosta do que você faz.

Hoje tenho algumas crenças, tenho algumas verdades em que acredito, mesmo sendo meio capengas.
Uma delas é de que, depois de tanto tempo fechada em mim mesma, tempo que passei lendo, estudando, ouvindo boa música, eu tenho sim algo a acrescentar, e que as pessoas podem sim se interessar pelo que eu penso. Quando a gente vai crescendo e virando gente grande, como diz uma amiga, se consegue uma certa autossuficiência em motivação, você é menos desengonçadx do que na adolescência, a vida vai se ajeitando, e você pode chegar à conclusão de que dá, sim, pra gostar de si, até com seus gostos e opiniões estranhos (volta e meia até se encontra gente que concorda!).
E a partir daí dá para se questionar até que ponto são as suas atitudes que fazem as pessoas não gostarem de você, até que ponto você é azaradx mesmo. Dá pra desenvolver a capacidade analisar seu próprio comportamento: o que eu penso/faço porque é o que eu acho certo, e o que eu penso/faço só porque alguém disse que deve ser assim?
E, a partir da reflexão, se corrigir. Cortar ou diminuir relações com pessoas que não acrescentam. Se policiar pra não ficar quietx, pra não fingir que não estou lá.
Outra crença que tenho é de que o problema que te que ser vencido não é algo meu, nem da sociedade, mas sim essa sensação de intervenção externa, como uma cortina de palco que baixa toda vez que eu vou ser protagonista. Acho que desenvolver espontaneidade é uma questão de simplesmente (simplesmente??) passar pelo meio do pano. É isso que tem que ser feito: Fazer. Fake it, until you make it. Estou me habituando a agir mais, falar mais, mesmo que eu não me sinta tão bem no começo. A ser o que me ensinaram que é ser intrometido, inconveniente: me importar, me impor, ir atrás.
Claro que às vezes caio no desequilíbro.
Ainda sou muito apegada à verdade, e me faltam várias verdades, acho que sempre vai faltar. Ainda me vem a sensação de vazio sob os pés, de vez em quando. E daí eu me fecho. Mas acho que faz parte. Um dia eu vou ser experiente nisso, e aí as coisas vão ser mais fáceis.

Tem um ditado japonês que diz assim:
Para atingir um determinado objetivo, você precisa tornar-se um tipo de pessoa. Uma vez que se torne essa pessoa, o objetivo não vai mais parecer importante.
Meu objetivo já foi saber me comunicar, ter muitos amigos, fazer as pessoas entenderem meus pontos de vista, entenderem quem eu sou. Sinto que estou no processo de me tornar essa pessoa comunicativa e acessível. E quanto mais comunicativa e acessível eu fico, mais eu vejo o quão pequeno é esse objetivo inicial. Quanto mais gente eu conheço, mais vejo que tenho muito pouco a oferecer. Menos convicção tenho nas minhas certezas pessoais, sobre o mundo, sobre mim mesma. O enriquecimento de conhecer as pessoas está em compreender, aprender, compartilhar, e não em ser compreendido.

domingo, 4 de setembro de 2011

Sexy sem apelar [2]



dos comentários:
Would she even get hired for this gig today? She dresses like a librarian, and now you gotta look like a hooker. Ella: pure class, pure genius. And Joe, same to you.

de minha parte: só arrepios.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Porque que ela não cobra?


Sabem o blog da Letícia, Cem Homens? Está ali no canto linkado. É um dos blogs que eu leio quase todo dia e que já recomendei pra muita gente, por falar de sexo de um jeito super leve, natural, sem apelação. Esse blog, como qualquer coisa boa e/ou que fale de sexo da blogosfera, está bombando e começou a ganhar destaque até nos maiores portais.

Tanto que nessa semana (mais precisamente anteontem, dia 31) foi veiculada uma entrevista com uma pessoa que se passou pela Letícia, no programa "Show do Antonio Carlos" na rádio Globo.
A Lola se deu ao trabalho de transcrever a entrevista, que já foi tirada do ar. Quem tiver estômago, leia. É recheada de desrespeito, preconceito, ignorância.

Basicamente, a Letícia é pintada como a "nova Bruna Surfistinha" (?) que quer "bater um recorde" de transar com cem homens em um ano (não há um interesse em porque ou em que situação ela faz isso). Fazem perguntas sobre onde ela leva os caras pra transar, se está tirando fotos, se está "tudo no lugar". E claro, perguntam se ela cobra pra transar. Claro que ela tinha que cobrar, né? Porque só homem gosta de sexo, né? Transando de graça ela tá saindo no prejuízo, tá se desvalorizando.

Quando a equipe da globo ficou sabendo que a suposta Letícia era falsa, publicou uma retratação ridícula que pode ser lida nesse link. Quer dizer, o melhor que eles puderam fazer, depois de colocar no ar um desrespeito do caralho de uma mulher aleatória dizendo "podem vir no meu site e deixar seus telefones" num horário em que todo mundo que está indo trabalhar ouve rádio no carro foi... Dizer para a verdadeira Letícia que ela pode ir dar resposta lá! Porque afinal ela só quer seus 15 minutos de fama, né? Usa identidade secreta só pra fazer charminho. Ética profissional mandou lembranças.

Bem. Isso tudo podia ser só problema dela, mas não é. Isso aí me atingiu muito.
Ela não cobra porque está ganhando muito ao se relacionar com gente diferente. Ela ganha experiência de vida (coisa tão valorizada nos homens). Conhecendo e aprendendo a lidar com as pessoas ela está conhecendo o mundo ao seu redor também.
E tem também o lucro de saber que está mudando a sua vida, mas também a de muita gente. Nossa cultura é muito individualista, imediatista, e isso realmente não é bom em todos os sentidos, mas único jeito de não exagerar e cair no desequilíbrio é se conhecendo. E uma das melhores formas de se conhecer é viver, compartilhar a experiência, receber feedback - e do lado d@s leitor@s, observar as experiências dos outros, empatizar, ver se aquilo cabe para si ou não. Assim todo mundo cresce. E é por isso que eu acho a Letícia uma mulher admirável: por compartilhar essa coisa de que tão pouca gente fala e tanto se precisa ouvir, que é a sexualidade das mulheres. Por isso eu fiquei indignada quando reduziram ela a uma mera "caçadora de recordes". Toda mulher é Letícia às vezes, mesmo que só em pensamento. Desrespeitar ela é desrespeitar todas nós.