segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Sem carro

O assunto já está meio velho: dia 22, foi o Dia Mundial Sem Carro.
Em Porto Alegre, o dia foi marcado com a inauguração da construção de uma ciclovia na Avenida Ipiranga, uma das maiores e mais fedidas avenidas da capital, junto ao Arroio Dilúvio, que corta uma boa parte da cidade. Rolou também bicicletada, certamente deve ter rolado algum evento da massa crítica (aquele povo de bicicleta que foi atropelado estilo strike de boliche, lembra?).
Pessoalmente, acho lindo o povo que tem coragem de andar por Porto Alegre de bicicleta. Admiro mesmo. Não posso andar de bicicleta porque não me sinto bem nelas. Sabe aquele tipo de pesadelo que todo mundo tem às vezes, repetidamente, de que está sendo perseguido e não consegue correr? O meu pesadelo é que estou em cima de uma bicicleta que não consegue parar, e fico atropelando e derrubando coisas, pessoas, bichos. É ridículo, eu sei. Mas me dá uma angústia. Prefiro ir a pé ou andar de ônibus, que apesar de ser caro, eu não acho ruim. Apesar disso, vou acompanhar com muita ansiedade a implantação dessa ciclovia, porque ela representa não só a possibilidade desse povo se locomover com segurança, mas também a institucionalização de uma mudança de pensamento. A ciclovia me diz: "alguém que tem poder e dinheiro está tentando fazer o povo deixar os carros um pouco de lado, em benefício das pessoas". Nesse mundo maluco em que muitas vezes os discursos só são valorizados quando podem ser vendidos, esse tipo de coisa mostra que pode acontecer uma mudança no pensamento. Dá uma esperançazinha no peito... mas meu lado racional duvida que a ciclovia vá ser respeitada. Aqui na Rua da República tem uma ciclovia que é uma ofensa a quem usa bicicleta como meio de transporte. Ela SEMPRE é usada como estacionamento para carros e já vi mais de um motorista buzinando, irritado, para algum herói que resolveu andar de bicicleta naquela via. Vamos ver como vai ser lá na Ipiranga. Tomara mesmo que seja diferente.

Pra mim, o que marcou o Dia Sem Carro foi a ironia de ter passado quase duas horas e meia dentro de ônibus, indo e vindo dos trabalhos e das atividades do dia-a-dia, respirando fumaça.
Não ando de ônibus todo dia, então não sei qual a rotina, nem sei dizer se o trânsito estava melhor ou igual a sempre por causa da data. O que sei é que toda vez que tenho que encarar uma dessas situações, penso em como eu quero morar, estudar e trabalhar perto do centro pra sempre. Em como eu quero nunca ter um carro nessa vida. E às vezes penso no dia em que vou acabar comprando um carro porque minha mentalidade ou minha vida vão mudar e eu vou achar que isso é necessário, e me angustio pra caramba.

Enfim. Tenho que ir para a aula (a pé).
Recomendo ler, sobre o Dia Sem Carro: Blogueiras FeministasSul21
Abraços.

Nenhum comentário: