Essa semana é de grandes mudanças, a começar por uma essencial: mudar de casa!
Estou indo morar com o marido em definitivo. Está uma loucura de catar documentos, visitar apartamentos, olhar sites de imobiliárias, lidar com atendentes às vezes prestativos e às vezes grosseir@s. Para melhorar, consegui uma bela contratura muscular no pé e na panturrilha que me faz ter que ir bem devagarinho para todos os cartórios, imobiliárias, apartamentos - e quando acaba a paciência, pegar táxi ou ônibus.
Isso tudo, no meio da primeira semana de volta às aulas, quando os horários das escolas estão sendo adaptados. Também no retorno dos ensaios de orquestra e dos projetos. E a busca por um novo professor, já que não tenho mais aula gratuita e de qualidade na federal.
Onde quero chegar é que vai haver um hiato aqui. Quando eu conseguir tirar as árvores caídas do meio da rua, consertar os fios de luz, e colocar telhas novas, eu volto.
Abraços e feliz "ano novo" a tod@s!
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
A vovozinha e o feminismo
Para quem ainda não viu, faça o favor a si mesmo e assista o curta brilhante da Renata Druck: A Vovozinha e o feminismo.
Nele, "vovozinhas" feministas contam como era o universo da mulher de anos atrás, e falam da luta para conquistar espaços e atitudes que, para as gerações mais novas, já parecem naturais. Incrível para pensar nas datas - pensar que coisas que "sempre foram assim" na verdade eram diferentes há trinta, quarenta anos atrás. Que ideias "de antigamente" eram a norma até agora há pouco.
A Vovozinha e o Feminismo from Renata Druck on Vimeo.
E viva o Partido da Vovozinha Feminista!
Nele, "vovozinhas" feministas contam como era o universo da mulher de anos atrás, e falam da luta para conquistar espaços e atitudes que, para as gerações mais novas, já parecem naturais. Incrível para pensar nas datas - pensar que coisas que "sempre foram assim" na verdade eram diferentes há trinta, quarenta anos atrás. Que ideias "de antigamente" eram a norma até agora há pouco.
A Vovozinha e o Feminismo from Renata Druck on Vimeo.
E viva o Partido da Vovozinha Feminista!
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
É carnaval...
...disso você está careca de saber. Já abre o facebook sabendo o que vai ler: posts de gente super animada para o carnaval e as bebedeiras e a pegação e etc intercalados com posts de gente indignada com a música ruim e as bebedeiras e a pseudo-animação e etc.
Eu do meu lado pretendo ficar à parte desse debate e passar o feriadão o mais longe que puder de qualquer tipo de folia. Meu carnaval será offline, estudando violino e fazendo algumas experiências culinárias (espremências, meu pai diria), afinal não contamos mais com o amigo RU para nos mantermos em pé, enquanto o marido, pós-graduando em fase de "te-vira", estará escrevendo como um condenado aqui do lado.
Volto semana que vem. Espero poder falar de notícias melhores do que as que tivemos essa semana.
Bom carnaval para ti, leitor@!
Eu do meu lado pretendo ficar à parte desse debate e passar o feriadão o mais longe que puder de qualquer tipo de folia. Meu carnaval será offline, estudando violino e fazendo algumas experiências culinárias (espremências, meu pai diria), afinal não contamos mais com o amigo RU para nos mantermos em pé, enquanto o marido, pós-graduando em fase de "te-vira", estará escrevendo como um condenado aqui do lado.
Volto semana que vem. Espero poder falar de notícias melhores do que as que tivemos essa semana.
Bom carnaval para ti, leitor@!
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
Blogagem coletiva: o caso de Queimadas
Escrevo esse post atendendo à chamada para Blogagem Coletiva das Blogueiras Feministas e da Luluzinha Camp, em repúdio ao mais recente caso de violação da dignidade das mulheres (sim, porque eu também me sinto estuprada), na cidade de Queimadas, na Paraíba, pouco comentado na grande mídia, pouco comentado nas redes sociais, difícil de se falar sobre, difícil até de acreditar pelo tamanho da barbárie.
O caso me fez pensar no esteriótipo de agressor de que crescemos tendo medo, e que é, na verdade, muito pouco comum: o agressor psicopata, perturbado mentalmente, que ataca qualquer uma que ande sozinha em alguma rua escura.
O agressor, na verdade, está quase sempre por perto. É um vizinho, conhecido, parente, e não se pensa nele como um perigo a priori.
Confiando na amizade ou no amor dos laços de sangue, as vítimas não tomam "precauções" contra esses estupradores. O caso de Queimadas foi um exemplo extremo, brutal, dessa lógica. Mas estupros e abusos partindo de conhecidos infelizmente acontecem a todo momento, em qualquer lugar. Os que não viram notícia, talvez, fiquem anônimos porque não terminam em assassinatos. E a cultura de relativização do sofrimento, de tratar de estupro como se fosse sexo normal e de culpabilizar da vítima, além de aumentarem a dor de quem sofreu a violência, aumentam a possibilidade do violentador não ser denunciado e de a violência se repetir ou até se estender, às vezes, por anos.
Casos como esse só vão parar de aparecer no dia que começarmos a educar os meninos, sistematicamente, para não estuprarem, ao invés de tentarmos ensinar as meninas a "se defenderem" e "tomar precauções" contra a violência. Quando colocarmos a culpa na pessoa certa - no criminoso, não na vítima, e entendermos que tem que ser vigiado e limitado é o desejo de poder e descontrole dos estupradores, e não o horário e as ruas que se circula, ou o comprimento da saia, ou a quantidade de parceiros, ou as "companhias", ou...
Enquanto esse dia não chega, só espero que esses criminosos tenham uma pena proporcional à sua crueldade.
Algumas notícias sobre o caso:
Estupros em festa com duas mortes na PB foram planejados, diz delegada
Estupros em festa com duas mortes na PB foram planejados, diz delegada
O caso me fez pensar no esteriótipo de agressor de que crescemos tendo medo, e que é, na verdade, muito pouco comum: o agressor psicopata, perturbado mentalmente, que ataca qualquer uma que ande sozinha em alguma rua escura.
O agressor, na verdade, está quase sempre por perto. É um vizinho, conhecido, parente, e não se pensa nele como um perigo a priori.
(...) Em estudo mais recente, Pimentel et al. (1998), analisando dados de estupros coletados em 50 processos referentes às cinco regiões brasileiras, concluíram que 70% dos envolvidos se conheciam e, destes, 18% mantinham relacionamentos incestuosos. (Fonte)
Confiando na amizade ou no amor dos laços de sangue, as vítimas não tomam "precauções" contra esses estupradores. O caso de Queimadas foi um exemplo extremo, brutal, dessa lógica. Mas estupros e abusos partindo de conhecidos infelizmente acontecem a todo momento, em qualquer lugar. Os que não viram notícia, talvez, fiquem anônimos porque não terminam em assassinatos. E a cultura de relativização do sofrimento, de tratar de estupro como se fosse sexo normal e de culpabilizar da vítima, além de aumentarem a dor de quem sofreu a violência, aumentam a possibilidade do violentador não ser denunciado e de a violência se repetir ou até se estender, às vezes, por anos.
Casos como esse só vão parar de aparecer no dia que começarmos a educar os meninos, sistematicamente, para não estuprarem, ao invés de tentarmos ensinar as meninas a "se defenderem" e "tomar precauções" contra a violência. Quando colocarmos a culpa na pessoa certa - no criminoso, não na vítima, e entendermos que tem que ser vigiado e limitado é o desejo de poder e descontrole dos estupradores, e não o horário e as ruas que se circula, ou o comprimento da saia, ou a quantidade de parceiros, ou as "companhias", ou...
Enquanto esse dia não chega, só espero que esses criminosos tenham uma pena proporcional à sua crueldade.
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
Assassinos de mulheres não são "malucos"
Eu achei que poderia publicar um post sobre violência contra a mulher antes, quando acabasse o julgamento do assassino Linderberg. Ingenuamente pensei que o julgamento duraria pouco, afinal, o que há de questionável no que aconteceu?
Mas enquanto o julgamento não termina, a mídia relembra o assunto que já parece bem antigo (aconteceu no meu primeiro ano de faculdade; hoje, já estou formada!). E a grande mídia, como sempre, deixa clara uma ideologia a favor do status quo.
Na maioria dos veiculos, quando se trata de violência contra a mulher, a abordagem é sempre a mesma. O homem violento é sempre apontado como psicopata, como um maluco, que teria sido violento com qualquer um que o irritasse. Linderberg era psicopata? Eu não duvido. Mas todos os casos que tem sido postos lado a lado com esse, como a morte da Mércia Nakashima, ou de Eliza Samudio, ou qualquer outro dos que aparecem quase todos os dias no noticiário... Todos esses homens são psicopatas também? Todo dia aparece um caso igual ao outro, e todo dia essas notícias são todas tratadas como casos isolados. A conclusão é que a sociedade está cheia de psicopatas, e somos nós (ou elas) que temos que nos prevenir.
Essa ideia do "psicopata" é excelente para manter a resignação das mulheres que têm em casa um homem comum, honesto, trabalhador, às vezes até amoroso, mas que "às vezes se descontrola" e ameaça, xinga, bate. Esse homem não é psicopata, é apenas machista. Mas além de bater, ameaçar, diminuir, um dia ele pode matar, também.
E é esperado que as mulheres sejam sempre mais fracas fisicamente: as mulheres são ensinadas desde meninas a acreditar nisso, a se sentirem intimidadas e não reagir. O que então se ensina é que as mulheres aceitem as agressões como coisas pontuais, que perdoem, que se resignem, afinal para muit@s o maior valor para a vida de uma mulher é ser casada, mesmo que com um mau marido. E que, já que o mau marido não é "um psicopata", não vai acontecer nada pior.
Mas enquanto o julgamento não termina, a mídia relembra o assunto que já parece bem antigo (aconteceu no meu primeiro ano de faculdade; hoje, já estou formada!). E a grande mídia, como sempre, deixa clara uma ideologia a favor do status quo.
Na maioria dos veiculos, quando se trata de violência contra a mulher, a abordagem é sempre a mesma. O homem violento é sempre apontado como psicopata, como um maluco, que teria sido violento com qualquer um que o irritasse. Linderberg era psicopata? Eu não duvido. Mas todos os casos que tem sido postos lado a lado com esse, como a morte da Mércia Nakashima, ou de Eliza Samudio, ou qualquer outro dos que aparecem quase todos os dias no noticiário... Todos esses homens são psicopatas também? Todo dia aparece um caso igual ao outro, e todo dia essas notícias são todas tratadas como casos isolados. A conclusão é que a sociedade está cheia de psicopatas, e somos nós (ou elas) que temos que nos prevenir.
Essa ideia do "psicopata" é excelente para manter a resignação das mulheres que têm em casa um homem comum, honesto, trabalhador, às vezes até amoroso, mas que "às vezes se descontrola" e ameaça, xinga, bate. Esse homem não é psicopata, é apenas machista. Mas além de bater, ameaçar, diminuir, um dia ele pode matar, também.
E é esperado que as mulheres sejam sempre mais fracas fisicamente: as mulheres são ensinadas desde meninas a acreditar nisso, a se sentirem intimidadas e não reagir. O que então se ensina é que as mulheres aceitem as agressões como coisas pontuais, que perdoem, que se resignem, afinal para muit@s o maior valor para a vida de uma mulher é ser casada, mesmo que com um mau marido. E que, já que o mau marido não é "um psicopata", não vai acontecer nada pior.
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
Novas e dois palpites
Sumi do blog por causa de alguns problemas pessoais. Mas estou aí, sem tanto atraso até.
Não vou falar longamente sobre nenhum assunto (embora essa semana tenham surgido alguns rascunhos para posts futuros). Hoje vou só escrever um pouco sobre duas coisas que vi por aí, dia em que finalmenteresolvi tirar a cabeça da areia e fui ler jornal e me atualizar.
1. Sobre o menino que foi espancado aqui na cidade baixa (deve ter passado pela sua TM: depois dos bichos mortos, a nova onda do facebook é espraiar foto de gente que apanhou):
Alô você que chegou a Porto Alegre hoje. Gays sofrem violência aqui desde sempre. Naquele horário de domingo de tardezinha na cidade baixa, a gente tem a impressão de que el@s são muito livres, porque estão em grande número e assim protegem uns aos outros. Mas chega uma hora que eles têm que se separar e ir pegar ônibus ou caminhar para casa. E aí... enfim.
Sorte que a denúncia chegou e conseguiu mídia, apesar de tudo. Mesmo que, como no caso dos bichos, eu às vezes tenha a impressão de que alguns só se importaram porque tem sangue no meio da história. Em outros casos, é "só" um xingamento, "só" uma piada, "só" uma recusa de emprego ou demissão, direito do patrão, quem mandou el@ ser escandalos@?
2.
Hoje toma posse a nova ministra de políticas públicas para mulheres. Quando eu não tinha ainda tido tempo para pesquisar e ler as notícias inteiras sobre o pronunciamento dela, já estava achando que ela era uma maluca que chegou no ministério chutando porta. Como sempre, quando se lê as letrinhas miúdas, aquelas que não são as letronas das manchetes, a gente vê que é tudo bem diferente.
A mulher falou muita coisa relevante e bem dita, sobre direitos sexuais e reprodutivos, imagem da mulher na mídia, educação, papéis de gênero... Falou também que suas posições pessoais não são tão decisivas para o futuro do Ministério, que o ministério não é ela e que ela não decide nada sozinha (porque ainda precisa explicar isso para o povo). Nesse momento se via a chamada em letras garrafais: NOVA MINISTRA DEFENDE ABORTO. Sensatez manda lembranças, de terras distantes.
Não condeno a nova ministra, acho que no lugar dela eu não teria falado nada diferente. Mas, já me desculpando por ser a chata da vez, acho que com um assunto que a maioria das pessoas já se posiciona automaticamente contra sem refletir, como o aborto, quem é figura pública tem, sim, que falar chei@ de dedos. A presidenta Dilma também acha: fez um pronunciamento balde-de-água-fria na posse, cheio de palavras bonitas, tudo friamente calculado - como (dessa vez) bem disse a reportagem: para acalmar os evangélicos. Teve muita gente que não gostou, mas pelo que vi do discurso, Dilma só frisou bem o que a Eleonora falou sobre as decisões serem tomadas em conjunto, então só posso achar que está certo.
De qualquer forma, claro que me posiciono ao lado das feministas, que gostaram ou que não gostaram. A discussão do aborto e do estado laico foi levantada, bem ou mal, então vamos tentar manter o assunto no ar, discutir, refletir e etc. Teve twitaço pelo #estadolaico hoje, do qual não participei porque estava fazendo meu novíssimo twitter exatamente àquela hora. Mas sai um post aqui sobre isso ainda. Me aguardem :P
Aliás. Hoje fiz um twitter, que o marido prometeu que vai me ajudar a organizar em listas, no tweetdeck, para eu não perder horas inúteis lá. (já tive twitter outras duas vezes: deletei adivinha por quê?) Se alguém tiver alguma dica, eu tô aceitando.
Quem quiser me seguir, é aqui que estou: https://twitter.com/#!/marikrewer
Abraços e bom fim de semana!
Não vou falar longamente sobre nenhum assunto (embora essa semana tenham surgido alguns rascunhos para posts futuros). Hoje vou só escrever um pouco sobre duas coisas que vi por aí, dia em que finalmente
1. Sobre o menino que foi espancado aqui na cidade baixa (deve ter passado pela sua TM: depois dos bichos mortos, a nova onda do facebook é espraiar foto de gente que apanhou):
Alô você que chegou a Porto Alegre hoje. Gays sofrem violência aqui desde sempre. Naquele horário de domingo de tardezinha na cidade baixa, a gente tem a impressão de que el@s são muito livres, porque estão em grande número e assim protegem uns aos outros. Mas chega uma hora que eles têm que se separar e ir pegar ônibus ou caminhar para casa. E aí... enfim.
Sorte que a denúncia chegou e conseguiu mídia, apesar de tudo. Mesmo que, como no caso dos bichos, eu às vezes tenha a impressão de que alguns só se importaram porque tem sangue no meio da história. Em outros casos, é "só" um xingamento, "só" uma piada, "só" uma recusa de emprego ou demissão, direito do patrão, quem mandou el@ ser escandalos@?
2.
Hoje toma posse a nova ministra de políticas públicas para mulheres. Quando eu não tinha ainda tido tempo para pesquisar e ler as notícias inteiras sobre o pronunciamento dela, já estava achando que ela era uma maluca que chegou no ministério chutando porta. Como sempre, quando se lê as letrinhas miúdas, aquelas que não são as letronas das manchetes, a gente vê que é tudo bem diferente.
SAP cristão: "Nova ministra é assassina, serva de satanás" |
Não condeno a nova ministra, acho que no lugar dela eu não teria falado nada diferente. Mas, já me desculpando por ser a chata da vez, acho que com um assunto que a maioria das pessoas já se posiciona automaticamente contra sem refletir, como o aborto, quem é figura pública tem, sim, que falar chei@ de dedos. A presidenta Dilma também acha: fez um pronunciamento balde-de-água-fria na posse, cheio de palavras bonitas, tudo friamente calculado - como (dessa vez) bem disse a reportagem: para acalmar os evangélicos. Teve muita gente que não gostou, mas pelo que vi do discurso, Dilma só frisou bem o que a Eleonora falou sobre as decisões serem tomadas em conjunto, então só posso achar que está certo.
De qualquer forma, claro que me posiciono ao lado das feministas, que gostaram ou que não gostaram. A discussão do aborto e do estado laico foi levantada, bem ou mal, então vamos tentar manter o assunto no ar, discutir, refletir e etc. Teve twitaço pelo #estadolaico hoje, do qual não participei porque estava fazendo meu novíssimo twitter exatamente àquela hora. Mas sai um post aqui sobre isso ainda. Me aguardem :P
Aliás. Hoje fiz um twitter, que o marido prometeu que vai me ajudar a organizar em listas, no tweetdeck, para eu não perder horas inúteis lá. (já tive twitter outras duas vezes: deletei adivinha por quê?) Se alguém tiver alguma dica, eu tô aceitando.
Quem quiser me seguir, é aqui que estou: https://twitter.com/#!/marikrewer
Abraços e bom fim de semana!
Assinar:
Postagens (Atom)