Algumas notícias sobre o caso:
Estupros em festa com duas mortes na PB foram planejados, diz delegada
Estupros em festa com duas mortes na PB foram planejados, diz delegada
O caso me fez pensar no esteriótipo de agressor de que crescemos tendo medo, e que é, na verdade, muito pouco comum: o agressor psicopata, perturbado mentalmente, que ataca qualquer uma que ande sozinha em alguma rua escura.
O agressor, na verdade, está quase sempre por perto. É um vizinho, conhecido, parente, e não se pensa nele como um perigo a priori.
(...) Em estudo mais recente, Pimentel et al. (1998), analisando dados de estupros coletados em 50 processos referentes às cinco regiões brasileiras, concluíram que 70% dos envolvidos se conheciam e, destes, 18% mantinham relacionamentos incestuosos. (Fonte)
Confiando na amizade ou no amor dos laços de sangue, as vítimas não tomam "precauções" contra esses estupradores. O caso de Queimadas foi um exemplo extremo, brutal, dessa lógica. Mas estupros e abusos partindo de conhecidos infelizmente acontecem a todo momento, em qualquer lugar. Os que não viram notícia, talvez, fiquem anônimos porque não terminam em assassinatos. E a cultura de relativização do sofrimento, de tratar de estupro como se fosse sexo normal e de culpabilizar da vítima, além de aumentarem a dor de quem sofreu a violência, aumentam a possibilidade do violentador não ser denunciado e de a violência se repetir ou até se estender, às vezes, por anos.
Casos como esse só vão parar de aparecer no dia que começarmos a educar os meninos, sistematicamente, para não estuprarem, ao invés de tentarmos ensinar as meninas a "se defenderem" e "tomar precauções" contra a violência. Quando colocarmos a culpa na pessoa certa - no criminoso, não na vítima, e entendermos que tem que ser vigiado e limitado é o desejo de poder e descontrole dos estupradores, e não o horário e as ruas que se circula, ou o comprimento da saia, ou a quantidade de parceiros, ou as "companhias", ou...
Enquanto esse dia não chega, só espero que esses criminosos tenham uma pena proporcional à sua crueldade.
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