quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Assassinos de mulheres não são "malucos"

Eu achei que poderia publicar um post sobre violência contra a mulher antes, quando acabasse o julgamento do assassino Linderberg. Ingenuamente pensei que o julgamento duraria pouco, afinal, o que há de questionável no que aconteceu?
Mas enquanto o julgamento não termina, a mídia relembra o assunto que já parece bem antigo (aconteceu no meu primeiro ano de faculdade; hoje, já estou formada!). E a grande mídia, como sempre, deixa clara uma ideologia a favor do status quo.

Na maioria dos veiculos, quando se trata de violência contra a mulher, a abordagem é sempre a mesma. O homem violento é sempre apontado como psicopata, como um maluco, que teria sido violento com qualquer um que o irritasse. Linderberg era psicopata? Eu não duvido. Mas todos os casos que tem sido postos lado a lado com esse, como a morte da Mércia Nakashima, ou de Eliza Samudio, ou qualquer outro dos que aparecem quase todos os dias no noticiário... Todos esses homens são psicopatas também? Todo dia aparece um caso igual ao outro, e todo dia essas notícias são todas tratadas como casos isolados. A conclusão é que a sociedade está cheia de psicopatas, e somos nós (ou elas) que temos que nos prevenir.

Essa ideia do "psicopata" é excelente para manter a resignação das mulheres que têm em casa um homem comum, honesto, trabalhador, às vezes até amoroso, mas que "às vezes se descontrola" e ameaça, xinga, bate. Esse homem não é psicopata, é apenas machista. Mas além de bater, ameaçar, diminuir, um dia ele pode matar, também.

E é esperado que as mulheres sejam sempre mais fracas fisicamente: as mulheres são ensinadas desde meninas a acreditar nisso, a se sentirem intimidadas e não reagir. O que então se ensina é que as mulheres aceitem as agressões como coisas pontuais, que perdoem, que se resignem, afinal para muit@s o maior valor para a vida de uma mulher é ser casada, mesmo que com um mau marido. E que, já que o mau marido não é "um psicopata", não vai acontecer nada pior.

2 comentários:

Fernando Borges disse...

Só faltou um botão "Like" depois do post pra eu poder curtir.

Esse cenário é bastante triste, mas pelo menos parece estar melhorando, mesmo que gradativamente. Melhorando no sentido de uma conscientização maior e de ações mais eficientes.

Ainda assim, casos como esse continuam acontecendo... Fiquei totalmente sem palavras com o estupro das mulheres, e assassinato de duas delas, naquela festa de aniversário na Paraíba. O que se passa com as pessoas?

Abraço

Mariana K disse...

Sim Fernando! Hoje vai ter uma blogagem coletiva sobre esse caso, nas Blogueiras Feministas. Certamente tu vai ler alguma coisa, né. hehe

Eu vou tentar escrever também. Mas o caso é tão chocante que quando fiquei sabendo mal consegui comentar em casa, ou nas redes sociais. Diante de uma notícia dessas só penso o quanto ser humano pode ser horrível.