Pelo menos os meus são! Os teus não?
Tirei um recesso de duas semanas aqui do blog, e de boa parte das outras coisas internéticas, para isso (tá, eu sei que deveria ter avisado antes, mas agora estou de volta :) ).
Não sou religiosa nem supersticiosa, mas desde que resolvi ser adulta, aos 18 anos, tenho meu ritual de fim de ano. Meus pais são religiosos praticantes e com muita fé: meu pai, católico, e minha mãe espírita. Ambos são pessoas muito criticas, que nunca impuseram a religião e nenhum dogma a mim e a minha irmã, mas vivem com muita intensidade as datas cristãs, e de uma maneira bem peculiar nossa. Então, na minha família, tudo é motivo para ficar introspectivo e refletir, e adoro essa característica nossa (mas também adoro ter namorados e amigos que têm famílias que se reúnem para celebrar, porque eu posso me divertir celebrando uma ou duas datas e fugir de todas as outras - meu negócio é diferente). Não somos muito ligados a dar e receber presentes e as festas de Natal e Ano Novo sempre foram bem íntimas, com quatro ou cinco pessoas na casa, no máximo - pelo menos desde que eu me lembre: sei que antes de eu nascer e quando eu era bebê, era diferente.
Então, no recesso entre o Natal e o Ano-Novo, desço TUDO de todos os armários, revejo todos os arquivos, todas as roupas, toda a papelada, jogo no lixo o que é lixo, separo coisas que podem ser doadas ou úteis para outras pessoas, e organizo em arquivos e faço catálogo de tudo o que eu acho que vou precisar um dia. O ano novo é realmente novo, com a sensação de não ter nada "entupindo" minha liberdade, pelo menos não dentro do quarto, e espaço sobrando nos armários para receber o que vier ao longo do ano que chega. Na primeira vez, quando revi toda a minha infância e adolescência, a faxina durou dois dias; nos anos seguintes durava um turno ou dois, no máximo. E como tenho que envolver música em tudo, sempre escolho um álbum pra ficar tocando no repeat até a coisa acabar. Nem preciso dizer o quanto essas músicas acabam sendo significativas para mim, né.
Esse ano, boa parte da faxina do fim de ano já foi feita em novembro, porque minha casa foi reformada e eu não tive escolha além de organizar a bagunça para não perder coisas importantes. E a trilha da vez foi Buena Vista Social Club, álbum homônimo, de 1990. Pra fazer tudo dançando. Será também a trilha da faxina final de agora, certamente. E o seu ritual, qual é?
segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
Introspectiva em recuperação - a Música
Fim de semestre normalmente é tempo de provas. Mas por algum motivo, meus queridos professores -todos - resolveram pedir trabalhos finais ao invés de provas. E alguns desses trabalhos, para meu desespero, envolvem apresentações para a classe. Minha última apresentação foi semana passada, para uma multidão de dez pessoas. Gaguejei. Me perdi em slide de três linhas. Fiquei respirando curto por algum tempo antes e depois de subir no "palco". Mas foi. Saiu.
Um dos comentários da banca, depois de eu terminar, foi algo parecido com "Como é bom a gente que é músico poder se apresentar sem ter aquela sensação de palco". Só se for pra ti, cara-pálida.
Naquele momento pensei como é engraçado odiar falar em público mas ao mesmo tempo não ter grandes problemas em tocar para público. Meu recital de graduação foi maravilhoso, errei algumas coisas como qualquer estudante, mas curti cada minuto de música, e realmente adorei me comunicar com as pessoas que estavam lá. Aí comecei a pensar sobre o efeito que a música tem na autoconfiança - sei que existe muita literatura sobre musicoterapia, mas eu confesso que não li muito a respeito não. Vou escrever aqui algumas reflexões que fiz depois da situação lá de cima, porque acho que dá pra relacionar com várias outras áreas profissionais e também com coisas do dia, da convivência e do autoconhecimento.
- As pessoas em geral não vão a um espetáculo para procurar notas certas ou erradas, e nem conhecem a música que você vai tocar tão a fundo quanto você. Então, quando você está no palco, não interessa tanto se a nota que você acabou de tocar estava certa ou não. Como o palco é o lugar e a hora crucial onde coisas que se pode errar coisas que nunca se errou antes, encarar isso é fazer cara de paisagem e ir adiante, porque o público quer espetáculo, e o espetáculo não inclui a sua opinião sobre o que foi feito. Por isso acho a arte performática ao mesmo tempo que é extremamente egocêntrica (você sobe no palco porque tem algo a dizer, enquanto o público recebe tudo passivamente) é um ato de extrema renúncia, porque você tem que apresentar como puramente seu o que às vezes não é exatamente seu porque você gostaria que fosse diferente.
Assim também é quando se improvisa. A maior necessidade pra saber improvisar é aceitar o primeiro impulso (o famoso feeling), ter consciência de que ele vem do que você sabe, do que você estudou, e não do além, e principalmente entender que não existe certo e errado na criação, e sim caminhos diferentes. Não quer dizer que você tem que gostar de tudo o que faz, mas sim que certas coisas são simplesmente para serem aceitas.
- Quando você estuda algum instrumento ou canto, estuda por tabela o seu corpo, como funcionam os músculos, a coordenação, os movimentos que ele faz, e acaba ficando muito mais consciente de si e consequentemente da forma com que os outros te vêem. Não é à toa que tem tanto músico lindo, hehehe. No começo todo mundo reluta, acha estranho ver filme de si tocando, ou tocar na frente do espelho. Mas esse aprendizado normalmente acaba melhorando a auto-imagem das pessoas, pelo que eu sei de mim e dos meus alunos. E acho que é uma coisa que só com música a pessoa se convence a fazer (a menos que exista alguém que treina discurso na frente do espelho que nem o bonequinho do The Sims 1, e eu não saiba! Sei lá! hehehehe).
Então, serviu pra alguma reflexão? Espero que sim! :)
Um dos comentários da banca, depois de eu terminar, foi algo parecido com "Como é bom a gente que é músico poder se apresentar sem ter aquela sensação de palco". Só se for pra ti, cara-pálida.
Naquele momento pensei como é engraçado odiar falar em público mas ao mesmo tempo não ter grandes problemas em tocar para público. Meu recital de graduação foi maravilhoso, errei algumas coisas como qualquer estudante, mas curti cada minuto de música, e realmente adorei me comunicar com as pessoas que estavam lá. Aí comecei a pensar sobre o efeito que a música tem na autoconfiança - sei que existe muita literatura sobre musicoterapia, mas eu confesso que não li muito a respeito não. Vou escrever aqui algumas reflexões que fiz depois da situação lá de cima, porque acho que dá pra relacionar com várias outras áreas profissionais e também com coisas do dia, da convivência e do autoconhecimento.
C. Leko Machado. Bagé, 2010. Essa mão é a minha mão :) |
Assim também é quando se improvisa. A maior necessidade pra saber improvisar é aceitar o primeiro impulso (o famoso feeling), ter consciência de que ele vem do que você sabe, do que você estudou, e não do além, e principalmente entender que não existe certo e errado na criação, e sim caminhos diferentes. Não quer dizer que você tem que gostar de tudo o que faz, mas sim que certas coisas são simplesmente para serem aceitas.
- Quando você estuda algum instrumento ou canto, estuda por tabela o seu corpo, como funcionam os músculos, a coordenação, os movimentos que ele faz, e acaba ficando muito mais consciente de si e consequentemente da forma com que os outros te vêem. Não é à toa que tem tanto músico lindo, hehehe. No começo todo mundo reluta, acha estranho ver filme de si tocando, ou tocar na frente do espelho. Mas esse aprendizado normalmente acaba melhorando a auto-imagem das pessoas, pelo que eu sei de mim e dos meus alunos. E acho que é uma coisa que só com música a pessoa se convence a fazer (a menos que exista alguém que treina discurso na frente do espelho que nem o bonequinho do The Sims 1, e eu não saiba! Sei lá! hehehehe).
Então, serviu pra alguma reflexão? Espero que sim! :)
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
Rituais, faxinas, reorganizações de fim de ano no blog
2011 foi um ano muito positivo para mim, de muito aprendizado, muita coisa boa acontecendo, muita gente boa me cercando, muita experiência. E uma das coisas que mais marcou foi a retomada do blog, que mesmo sem ter lá a maior regularidade e coerência, está me ajudando a me expressar melhor e a ter contato com coisas e pessoas que provavelmente eu jamais conheceria de outra forma.
Como eu já fiz boa parte da faxina espiritual aqui de casa na reforma que minha mãe inventou de fazer mês passado, e estou vendo nos blogs que leio muitas reformas e projetos de melhoria, resolvi aderir à faxina blogueira também. Estou falando do Desafio 21 Dias do Blosque, que divulgo pela qualidade do conteúdo e por estar me ajudando um monte! Não participei do desafio porque não consigo ser blogueira assídua, ainda mais em fim de semestre e fim de faculdade, e perdi as datas. Me contento então em ser mais uma blogueira iniciante que o Blosque ajuda :)
Já fiz algumas melhorias na usabilidade, backup, faxina. O que me falta é, como na minha vida, coerência e disciplina para postar com regularidade, e cara de pau para comentar no blog alheio, nas listas, etc. E, mais tecnicamente, aprender a não-roubar imagens (agora eu vi que fui uma menina má não dando crédito às imagens que posto). Quer dizer, faltam várias outras coisas também, mas no meu ritmo adagio molto quando eu resolver esses itens já terei dado um grande passo, então são minhas resoluções pré-ano-novo.
Os comentários, aos poucos, eu estou fazendo, sempre que tenho mais do que um abraço pra mandar eu dou um pitaquinho. Para os posts, meu projeto é postar uma vez por semana, provavelmente toda segunda-feira: então, quem lê aqui se ligue (e se quiser, me cobre :P ). As imagens, bem. Quando eu entregar meu último trabalho de fim de semestre eu sento e leio e aprendo.
Sugestões serão muito bem-vindas, se você tiver. De qualquer forma, me deseje força e sorte! :D
Abraços para todxs.
Como eu já fiz boa parte da faxina espiritual aqui de casa na reforma que minha mãe inventou de fazer mês passado, e estou vendo nos blogs que leio muitas reformas e projetos de melhoria, resolvi aderir à faxina blogueira também. Estou falando do Desafio 21 Dias do Blosque, que divulgo pela qualidade do conteúdo e por estar me ajudando um monte! Não participei do desafio porque não consigo ser blogueira assídua, ainda mais em fim de semestre e fim de faculdade, e perdi as datas. Me contento então em ser mais uma blogueira iniciante que o Blosque ajuda :)
Já fiz algumas melhorias na usabilidade, backup, faxina. O que me falta é, como na minha vida, coerência e disciplina para postar com regularidade, e cara de pau para comentar no blog alheio, nas listas, etc. E, mais tecnicamente, aprender a não-roubar imagens (agora eu vi que fui uma menina má não dando crédito às imagens que posto). Quer dizer, faltam várias outras coisas também, mas no meu ritmo adagio molto quando eu resolver esses itens já terei dado um grande passo, então são minhas resoluções pré-ano-novo.
Os comentários, aos poucos, eu estou fazendo, sempre que tenho mais do que um abraço pra mandar eu dou um pitaquinho. Para os posts, meu projeto é postar uma vez por semana, provavelmente toda segunda-feira: então, quem lê aqui se ligue (e se quiser, me cobre :P ). As imagens, bem. Quando eu entregar meu último trabalho de fim de semestre eu sento e leio e aprendo.
Sugestões serão muito bem-vindas, se você tiver. De qualquer forma, me deseje força e sorte! :D
Abraços para todxs.
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
Dia da Consciência Negra, dos outros e de mim mesma
Depois de ler vários posts, notícias, colunas lindas sobre o Dia da Consciência Negra, me inspirei para escrever o meu. Um dia depois da data, eu sei, mas repensar o preconceito é algo para se fazer todos os dias, né?
Deu para atender à chamada das Blogueiras Feministas para uma blogagem coletiva sobre o dia. Aqui está o link com todos os textos!
De uma certa forma, me sinto um tanto intrusa para escrever sobre isso, já que sou branca branquela, descendente de alemães, e me criei em um meio familiar que várias vezes percebi racista.
Porém, a consciência negra tem a contrapartida de que posso falar com alguma propriedade, que é a consciência de ser brancx. Calma, não precisa parar de ler, não vou escrever nenhuma bobagem sobre preconceito racial contra brancos. Estou falando de perceber-se branco, perceber que isso é uma diferença e não "o normal" e que sim, eu sou privilegiada por isso.
Essa consciência não é fácil de construir porque é feita de coisas bem subjetivas. Se você é brancx, você pode passar a vida sem precisar pensar em sua "raça", porque existe por aí uma percepção de que ser branco é o normal, "neutro", enquanto o negro é que é diferente. Basta observar a reação das pessoas com, por exemplo, campanhas publicitárias: se tem gente branca no comercial de cosmético, vão prestar atenção no cosmético. Se tiver gente negra, vai aparecer a questão racial, a responsabilidade da marca, "oh, se preocuparam em colocar um negro, eles tem consciência social". (não vou falar dos que falam merda racista porque né.). Acho que só o fato de as pessoas perceberem com alguma estranheza aparecerem negros fora do estereótipo pobre-trabalhador/jogadordefutebol-pagodeiro já indica que algo não está certo.
Fora que se você é brancx, nunca vai acontecer de alguém atravessar a rua pra não passar do teu lado, você não passa a vida ouvindo que seu cabelo é ruim, ninguém pensa, de cara, que você é pobre, se você fizer alguma bobagem ninguém vai dizer que branco só faz bobagem!. Etc etc etc... Talvez o maior privilégio dxs brancxs não é o que temos, mas é o que não nos é subtraído. Quer dizer, são obstáculos a menos que temos que enfrentar, é um privilégio fácil de ficar invisível.
Ontem, fui a um ensaio de escola de samba pela segunda vez na vida, da Acadêmicos da Orgia, de "gaiata". De começo, quando entrei, me senti muito estranha no ambiente, porque era muito mais branca do que todxs lá, em sua maioria negrxs e mulatxs. Só não fiquei intimidada ( = mais tímida do que já sou) porque estava bem acompanhada e porque fui muito bem recebida por todxs - no fim, saí de lá me sentindo como quem volta de uma festa de família. Se pra mim aquela sensação inicial já foi algo marcante, não posso nem imaginar como os primeiros negros se sentiram entrando na primeira universidade que decidiu aceitá-los, por exemplo. Chega a ser absurda a comparação, né? Acho que discriminação racial é algo que uma pessoa branca não tem como compreender totalmente, ou pelo menos não essa branca que vos fala. Só posso admirar muito aqueles pioneiros e todos que os seguiram, e esperar que a recepção seja cada vez melhor, ou seria menor? - até que, um dia, ninguém se surpreenda de ver negros, brancos, índios, todas as variedade de pessoa, em todos os lugares e situações.
Só para terminar o post em alto estilo, quero postar uma música lindíssima que inclusive já postei aqui no blog, mas que agora posto não só pela beleza do clipe e pela qualidade da música, mas também pela letra:
Delicie-se! :D
Abraços.
Deu para atender à chamada das Blogueiras Feministas para uma blogagem coletiva sobre o dia. Aqui está o link com todos os textos!
De uma certa forma, me sinto um tanto intrusa para escrever sobre isso, já que sou branca branquela, descendente de alemães, e me criei em um meio familiar que várias vezes percebi racista.
Porém, a consciência negra tem a contrapartida de que posso falar com alguma propriedade, que é a consciência de ser brancx. Calma, não precisa parar de ler, não vou escrever nenhuma bobagem sobre preconceito racial contra brancos. Estou falando de perceber-se branco, perceber que isso é uma diferença e não "o normal" e que sim, eu sou privilegiada por isso.
Essa consciência não é fácil de construir porque é feita de coisas bem subjetivas. Se você é brancx, você pode passar a vida sem precisar pensar em sua "raça", porque existe por aí uma percepção de que ser branco é o normal, "neutro", enquanto o negro é que é diferente. Basta observar a reação das pessoas com, por exemplo, campanhas publicitárias: se tem gente branca no comercial de cosmético, vão prestar atenção no cosmético. Se tiver gente negra, vai aparecer a questão racial, a responsabilidade da marca, "oh, se preocuparam em colocar um negro, eles tem consciência social". (não vou falar dos que falam merda racista porque né.). Acho que só o fato de as pessoas perceberem com alguma estranheza aparecerem negros fora do estereótipo pobre-trabalhador/jogadordefutebol-pagodeiro já indica que algo não está certo.
Fora que se você é brancx, nunca vai acontecer de alguém atravessar a rua pra não passar do teu lado, você não passa a vida ouvindo que seu cabelo é ruim, ninguém pensa, de cara, que você é pobre, se você fizer alguma bobagem ninguém vai dizer que branco só faz bobagem!. Etc etc etc... Talvez o maior privilégio dxs brancxs não é o que temos, mas é o que não nos é subtraído. Quer dizer, são obstáculos a menos que temos que enfrentar, é um privilégio fácil de ficar invisível.
Ontem, fui a um ensaio de escola de samba pela segunda vez na vida, da Acadêmicos da Orgia, de "gaiata". De começo, quando entrei, me senti muito estranha no ambiente, porque era muito mais branca do que todxs lá, em sua maioria negrxs e mulatxs. Só não fiquei intimidada ( = mais tímida do que já sou) porque estava bem acompanhada e porque fui muito bem recebida por todxs - no fim, saí de lá me sentindo como quem volta de uma festa de família. Se pra mim aquela sensação inicial já foi algo marcante, não posso nem imaginar como os primeiros negros se sentiram entrando na primeira universidade que decidiu aceitá-los, por exemplo. Chega a ser absurda a comparação, né? Acho que discriminação racial é algo que uma pessoa branca não tem como compreender totalmente, ou pelo menos não essa branca que vos fala. Só posso admirar muito aqueles pioneiros e todos que os seguiram, e esperar que a recepção seja cada vez melhor, ou seria menor? - até que, um dia, ninguém se surpreenda de ver negros, brancos, índios, todas as variedade de pessoa, em todos os lugares e situações.
Só para terminar o post em alto estilo, quero postar uma música lindíssima que inclusive já postei aqui no blog, mas que agora posto não só pela beleza do clipe e pela qualidade da música, mas também pela letra:
Brown Skin - India Arie
(Chorus)
Brown skin
You know I love your brown skin
I can't tell where yours begins, I can't tell where my ends
Brown skin Up against my brown skin
Need some every now and then
Where are your people from
Maybe Mississippi or Atlanta
Apparently your skin has been kissed by the sun
You make me want a hershey's kiss your licorice
Everytime I see your lips
It makes me think of honey coated chocolate
Your kisses are worth more than gold to me
I'll be your almond joy, you'll be my sugar daddy
Brown skin, you know I love your brown skin
I can't tell where yours begins
I can't tell where mine ends
Brown skin, up against my brown skin
Need some every now and then
Everytime you come around
Something magnetic pulls me and I can't get out
Disoriented I can't tell my up from down
All I know is that I wanna lay you down
Everytime I let you in
Abra Cadabra Magic happens as we swim
Higher and higher finally we reach heaven
Come back to earth then we do it all again (yeah)
(Chorus)
(Bridge)
Skin so brown, lips so round(tradução aqui!)
Baby how can I be down?
Beautiful Mahogony you make me feel like a queen
Tell me what's that thing you do
That makes me wanna get next to you?
Delicie-se! :D
Abraços.
terça-feira, 8 de novembro de 2011
A USP e os mimados do facebook
Aquela confusão da USP que aconteceu há um tempo atrás, da qual eu nunca me informei totalmente (já falei que não confio em jornalista e que não digo que estou por dentro de alguma coisa até ler em umas três fontes diferentes? Sim, sou chata) já parecia estar morrendo na praia, quando surgem vários comentários, fotos, scans de reportagem da veja (!) na minha timeline, sobre os mimadosquefazemrevoluçãocomdinheirodopapai da USP...
Não vou falar sobre o caso porque, como já disse, não me sinto bem-informada o suficiente. Ando defendendo os estudantes só de birra, porque odeio demonizações assim. Cadê o outro lado da história? Porra, começou com três usuários de maconha e terminou com 70 presos. Setenta! Fazem isso nos pontos de tráfico, nas casas de prostituição, nos becos escuros da cidade?
Enfim. Meu assunto é outro.
Minha timeline normalmente é bem previsível. A grande maioria, 90% no chute, são colegas músicos e professores de música erudita, ou artistas de alguma outra área afim. É gente em geral libertária e cabeça aberta, a favor dos direitos humanos, dos direitos dos animais (tem VÁRIOS ativistas de direitos dos animais), mas não muito politicamente ativa (para o bem ou para o mal). Não que sejam ignorantes, mas a regra é aquela coisa senso-comum de que político é tudo corrupto, nenhum presta, etc etc, ou então simplesmente estão muito ocupados com estudo e trabalho pra pensar nessas coisas "tão distantes"... O legal é que posso postar minhas coisas subversivas (entre muitas aspas) semqueimar meu filme me preocupar, porque não tenho nenhum colega assumidamente conservador - graças a Bach não é legal no meu meio se mostrar homofóbico, racista, machista, etc, como sei que é em outros lugares. As pessoas pelo menos fingem ser corretas e inteligentes.
O chato de não gostar de política é ser influenciável, por não conseguir enxergar quais são e de onde vem as intenções por trás das palavras. Gente que até ontem não se importava, de repente está tomando partido. Qual partido? O primeiro que chegar falando bonito.
Foi uma sacada ótima da Veja colocar os estudantes da USP como "mimados". Juntou a raiva que as pessoas que viram tropa de elite Imas não gostaram do II têm dos maconheiros e drogados riquinhos - não estou dizendo que o usuário não tenha nada com isso, mas e o governo que não dá outra oportunidade pra piazada? E a educação que é falha? E a falta de emprego? E a própria cultura do "jeitinho? Nada disso conta? - com a consternação que alguns sentem diante da onda de ativismo cibernético que ganhou força esse ano blogs e redes sociais afora, que está incomodando muita gente.
Acho que para os que querem acreditar que são seres muito especiais, ao invés de só uma pecinha a mais na sociedade, deve ser bem chato ver gente fazendo alguma coisa pra melhorar seu entorno. Que saco, essa gente acha que vai mudar alguma coisa? Atitudes pequenas e simples já dão um desconforto de ver no noticiário, imagina ações grandes! Aí chega a Veja e diz: O cara que faz o motim lá, ele é um merda. Ele é maconheiro, ele odeia a polícia. Ele é hipócrita, ele se arrisca pra defender coisas sem nem saber o que(riolitros). Ele... que mais? É burro, bobo, feio, cara de melão. Se você também vive do dinheiro do papi, mas gasta tudo em balada e roupa de marca, tudo bem, pelo menos você não é um deles, ponto pra você.
Né? Grande sacada.
Eu também já pensei que tudo o que se tem que fazer é cuidar do próprio umbigo e esperar os bons resultados aparecerem. Que o lugar e a posição onde as pessoas estavam era fruto unicamente do esforço ou da falta de esforço delas, e que fazer algo pela coletividade é ficar pra trás, é perder um tempo que você poderia usar para investir em si mesmo. Mas algo no caminho me sensibilizou para ver que existem alguns outros detalhes (raça, gênero, idade, religião, "berço"... pra muita gente não é detalhe, infelizmente) que podem frear ou alavancar a vida das pessoas, e que essa situação pode e deve ser modificada. Se eu achasse que saberia o que fazer - algo mais razoável e eficiente do que o que me dá vontade (sair gritando de raiva e sacudindo as pessoas que não empatizam não adiantaria muito, né?) - eu saía por aí fazendo revolução também, pode apostar. Ando tentando fazer minha parte, discutindo, conversando, me metendo por aí. Tenho tudo pago, e se não tivesse, não teria tempo para nada disso, é verdade. Mas o problema disso é qual mesmo? É você se sentir fútil e vazio?
Não vou falar sobre o caso porque, como já disse, não me sinto bem-informada o suficiente. Ando defendendo os estudantes só de birra, porque odeio demonizações assim. Cadê o outro lado da história? Porra, começou com três usuários de maconha e terminou com 70 presos. Setenta! Fazem isso nos pontos de tráfico, nas casas de prostituição, nos becos escuros da cidade?
Enfim. Meu assunto é outro.
Minha timeline normalmente é bem previsível. A grande maioria, 90% no chute, são colegas músicos e professores de música erudita, ou artistas de alguma outra área afim. É gente em geral libertária e cabeça aberta, a favor dos direitos humanos, dos direitos dos animais (tem VÁRIOS ativistas de direitos dos animais), mas não muito politicamente ativa (para o bem ou para o mal). Não que sejam ignorantes, mas a regra é aquela coisa senso-comum de que político é tudo corrupto, nenhum presta, etc etc, ou então simplesmente estão muito ocupados com estudo e trabalho pra pensar nessas coisas "tão distantes"... O legal é que posso postar minhas coisas subversivas (entre muitas aspas) sem
O chato de não gostar de política é ser influenciável, por não conseguir enxergar quais são e de onde vem as intenções por trás das palavras. Gente que até ontem não se importava, de repente está tomando partido. Qual partido? O primeiro que chegar falando bonito.
Foi uma sacada ótima da Veja colocar os estudantes da USP como "mimados". Juntou a raiva que as pessoas que viram tropa de elite I
Acho que para os que querem acreditar que são seres muito especiais, ao invés de só uma pecinha a mais na sociedade, deve ser bem chato ver gente fazendo alguma coisa pra melhorar seu entorno. Que saco, essa gente acha que vai mudar alguma coisa? Atitudes pequenas e simples já dão um desconforto de ver no noticiário, imagina ações grandes! Aí chega a Veja e diz: O cara que faz o motim lá, ele é um merda. Ele é maconheiro, ele odeia a polícia. Ele é hipócrita, ele se arrisca pra defender coisas sem nem saber o que
Né? Grande sacada.
Eu também já pensei que tudo o que se tem que fazer é cuidar do próprio umbigo e esperar os bons resultados aparecerem. Que o lugar e a posição onde as pessoas estavam era fruto unicamente do esforço ou da falta de esforço delas, e que fazer algo pela coletividade é ficar pra trás, é perder um tempo que você poderia usar para investir em si mesmo. Mas algo no caminho me sensibilizou para ver que existem alguns outros detalhes (raça, gênero, idade, religião, "berço"... pra muita gente não é detalhe, infelizmente) que podem frear ou alavancar a vida das pessoas, e que essa situação pode e deve ser modificada. Se eu achasse que saberia o que fazer - algo mais razoável e eficiente do que o que me dá vontade (sair gritando de raiva e sacudindo as pessoas que não empatizam não adiantaria muito, né?) - eu saía por aí fazendo revolução também, pode apostar. Ando tentando fazer minha parte, discutindo, conversando, me metendo por aí. Tenho tudo pago, e se não tivesse, não teria tempo para nada disso, é verdade. Mas o problema disso é qual mesmo? É você se sentir fútil e vazio?
terça-feira, 11 de outubro de 2011
Prévia de Recital de Graduação!
O motivo pelo qual eu não posto há dias e nem vou postar pela próxima semana. :)
Se você está ou pretende estar em Porto Alegre no dia 19, está convidadíssimx!!
Vai ser bem divertido, com um repertório excelente que eu sempre quis tocar. Eu vou me divertir :)
Quer ler algo interessante? Indico para essa semana a blogagem coletiva das Blogueiras Feministas sobre consumismo e sexismo na infância (uma boa parte dos links tá lá nos comentários), da qual eu queria muito participar, mas, né. :(
Abraços.
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
Blogagem pela descriminalização do aborto: pitacos retardatários
Como estou completamente bitolada da realidade por causa do meu queridíssimo recital de graduação, que está tomando 150% do meu cérebro e tempo, perdi a blogagem coletiva que as Blogueiras Feministas convocaram pelo Dia Latino-Americano e Caribenho pela Descriminalização do Aborto, que foi ontem, dia 28/09 - data estabelecida em 1990, no V Encontro Feminista Latino-Americano e do Caribe.
Aqui está o link para o post delas, que redireciona para várias outras postagens. Não consegui ler tudo, obviamente, mal estou conseguindo fazer meus trabalhos de meio de semestre sem virar a noite. Mas os poucos textos que li valeram muito a pena. Esse povo é muito bom, visse? :)
A essa altura, o que posso fazer é comentar a repercussão que vi sobre esse dia.
O blog da Lola (infelizmente) listou vários xingamentos, maldições, desejos de morte (!) dos supostos pró-vida. Me lembrou os tempos de orkut, da comunidade Aborto Não Deve Ser Crime sucessivamente deletadas, das primeiras comunidades que volta-e-meia eram invadidas por trolls com problemas de ortografia (AÇAÇINOS!)... Deus me livre. Não tenho mais estômago.
Mas sinceramente não acho que seja maldade desse povo (tá, um pouco é). É mais falta do que fazer e um costume muito forte e inquestionado de seguir o senso comum.
Quer dizer, se legalizar o aborto fosse uma questão de simplesmente dar OK para matar bebês, não existiria ninguém a favor, né? Ninguém gosta da morte. Quem é a favor da legalização do aborto é a favor que a mãe possa escolher não ter um filho que ela sabe que não vai conseguir amar, que ela não vai ter condições econômicas ou emocionais para criar. Isso sim é ser a favor da vida, porque é respeitar a vida humana com toda a sua complexidade, com qualidade de vida, e não a favor da vida-sobrevivência simplesmente. (se você está pensando "pq não pençou niço enquanto fasia??!!!" palmface para você. Os trolls do orkut falavam isso aí também! Se você pode pensar em questões polêmicas enquanto transa, tem motivos pra invejar quem engravida sem querer, mesmo)
Lembrando: as pessoas normalmente defendem a legalização do aborto até o terceiro mês de gestação, que é como funciona por aí nos países onde já é legal - geralmente países desenvolvidos - e alguns admitem uma margem maior para o caso de problemas de desenvolvimento do feto, como anencefalia, por exemplo. E só! Ninguém defende que se mate uma criança quase nascendo. Olha só como é um embrião de 6 semanas (do tamanho de um grão de lentilha). Não é assim tão parecido com um bebezinho gordinho e sorridente, né.
Eu posso dizer que, para mim, houveram algumas surpresas agradáveis. Para o bem ou para o mal só uso uma rede social, o Facebook (que já ando pensando em deletar), e vi algumas pessoas inesperadas da minha lista se manifestando a favor da legalização, mesmo que sutilmente, e nenhuma reação contrária. Nenhuma! Devo ser uma pessoa de sorte, ou já estou com tantos amigos aleatórios adicionados que o facebook já seleciona os que vão escrever o que eu vou gostar de ler. (não duvido da onisciência dessas coisas!)
Enfim.
Vou voltar para o meu trabalho.
Abraços e até a próxima!
Abraços e até a próxima!
terça-feira, 27 de setembro de 2011
Escrevendo
Estou escrevendo uma série de posts sobre timidez, que eu espero que algum dia alguém possa gostar de ler.
Em outros posts, falei sobre como decidi fazer esse blog para exercitar minha escrita, minha expressão. Pra alguns pode parecer besta, mas foi um passo enorme para mim abrir e manter o blog no ar, com URL e caixa de comentários pública e tudo o mais... Afinal para exercitar a expressão eu poderia simplesmente escrever e salvar no computador, ou escrever num caderno de papel mesmo, né?
O caso é que escrever para um possível público é uma sensação muito diferente. É uma exposição. Em outros tempos, minha maior preocupação na hora de escrever era não parecer vazia, ou fútil, ou boba. Mas faz um tempo que eu percebi que as pessoas que eu acho legais, profundas e inteligentes nesse mundo não fazem muita coisa com o objetivo principal de fazer as pessoas acharem isso delas, então estou tentando seguir esse caminho aí. Claro que no fundo, no fundo o objetivo continua egoísta e mesquinho, mas agora eu quero que as pessoas apreciem e se interessem pelos assuntos do meu blog, que o que eu escrevo acrescente alguma coisa a elas. E isso dá uma baita ansiedade quando você tem uma parte grande da tua consciência te induzindo a pensar que suas ideias e a forma com que você as expressa não são lá grande coisa.
Apesar da ansiedade e do "tempo perdido", acredito que escrever um blog seja uma das formas mais legais e talvez mais eficazes de se obrigar a se comunicar com as pessoas.Mesmo que nesse caso sejam leitores imaginários, já que raramente recebo algum comentário. Você pode planejar o que vai dizer, e pode também se obrigar a planejar menos, o que é muito legal quando o nervosismo passa. Quer dizer, em algum momento eu tenho que parar de corrigir e clicar no botão "publicar postagem". Sempre parece uma decisão tão drástica! Mas percebo que o receio, e também que o tempo que gasto escrevendo e revisando os textos, tem diminuído conforme eu vou pegando prática e escrevendo mais.
Por isso que eu não escrevo muito no blog. Tem dias que acho tudo inadequado, escrevo parágrafos quilométricos e apago tudo, escrevo e reescrevo, mudo sintaxe, contexto, e não fico feliz. Muitas vezes me frustro e concluo que não tenho nada pra dizer sobre algum assunto naquele momento, mesmo sentindo alguma coisa ferver dentro de mim quando penso ou me deparo com ele. Muitas vezes despilho de escrever, porque "ninguém vai ler mesmo"... (nessa, acho que acerto com alguma frequência...)
Então, peço desculpas para você que está lendo isso agora pelos meus problemas de expressão, pelo exagero, pelo drama... :P
Um dia quem sabe isso vai melhorar. Acho que vai.
Abraços, Mariana
Em outros posts, falei sobre como decidi fazer esse blog para exercitar minha escrita, minha expressão. Pra alguns pode parecer besta, mas foi um passo enorme para mim abrir e manter o blog no ar, com URL e caixa de comentários pública e tudo o mais... Afinal para exercitar a expressão eu poderia simplesmente escrever e salvar no computador, ou escrever num caderno de papel mesmo, né?
O caso é que escrever para um possível público é uma sensação muito diferente. É uma exposição. Em outros tempos, minha maior preocupação na hora de escrever era não parecer vazia, ou fútil, ou boba. Mas faz um tempo que eu percebi que as pessoas que eu acho legais, profundas e inteligentes nesse mundo não fazem muita coisa com o objetivo principal de fazer as pessoas acharem isso delas, então estou tentando seguir esse caminho aí. Claro que no fundo, no fundo o objetivo continua egoísta e mesquinho, mas agora eu quero que as pessoas apreciem e se interessem pelos assuntos do meu blog, que o que eu escrevo acrescente alguma coisa a elas. E isso dá uma baita ansiedade quando você tem uma parte grande da tua consciência te induzindo a pensar que suas ideias e a forma com que você as expressa não são lá grande coisa.
Apesar da ansiedade e do "tempo perdido", acredito que escrever um blog seja uma das formas mais legais e talvez mais eficazes de se obrigar a se comunicar com as pessoas.
Por isso que eu não escrevo muito no blog. Tem dias que acho tudo inadequado, escrevo parágrafos quilométricos e apago tudo, escrevo e reescrevo, mudo sintaxe, contexto, e não fico feliz. Muitas vezes me frustro e concluo que não tenho nada pra dizer sobre algum assunto naquele momento, mesmo sentindo alguma coisa ferver dentro de mim quando penso ou me deparo com ele. Muitas vezes despilho de escrever, porque "ninguém vai ler mesmo"... (nessa, acho que acerto com alguma frequência...)
Então, peço desculpas para você que está lendo isso agora pelos meus problemas de expressão, pelo exagero, pelo drama... :P
Um dia quem sabe isso vai melhorar. Acho que vai.
Abraços, Mariana
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
Sem carro
O assunto já está meio velho: dia 22, foi o Dia Mundial Sem Carro.
Em Porto Alegre, o dia foi marcado com a inauguração da construção de uma ciclovia na Avenida Ipiranga, uma das maiorese mais fedidas avenidas da capital, junto ao Arroio Dilúvio, que corta uma boa parte da cidade. Rolou também bicicletada, certamente deve ter rolado algum evento da massa crítica (aquele povo de bicicleta que foi atropelado estilo strike de boliche, lembra?).
Pessoalmente, acho lindo o povo que tem coragem de andar por Porto Alegre de bicicleta. Admiro mesmo. Não posso andar de bicicleta porque não me sinto bem nelas. Sabe aquele tipo de pesadelo que todo mundo tem às vezes, repetidamente, de que está sendo perseguido e não consegue correr? O meu pesadelo é que estou em cima de uma bicicleta que não consegue parar, e fico atropelando e derrubando coisas, pessoas, bichos. É ridículo, eu sei. Mas me dá uma angústia. Prefiro ir a pé ou andar de ônibus, que apesar de ser caro, eu não acho ruim. Apesar disso, vou acompanhar com muita ansiedade a implantação dessa ciclovia, porque ela representa não só a possibilidade desse povo se locomover com segurança, mas também a institucionalização de uma mudança de pensamento. A ciclovia me diz: "alguém que tem poder e dinheiro está tentando fazer o povo deixar os carros um pouco de lado, em benefício das pessoas". Nesse mundo maluco em que muitas vezes os discursos só são valorizados quando podem ser vendidos, esse tipo de coisa mostra que pode acontecer uma mudança no pensamento. Dá uma esperançazinha no peito... mas meu lado racional duvida que a ciclovia vá ser respeitada. Aqui na Rua da República tem uma ciclovia que é uma ofensa a quem usa bicicleta como meio de transporte. Ela SEMPRE é usada como estacionamento para carros e já vi mais de um motorista buzinando, irritado, para algum herói que resolveu andar de bicicleta naquela via. Vamos ver como vai ser lá na Ipiranga. Tomara mesmo que seja diferente.
Pra mim, o que marcou o Dia Sem Carro foi a ironia de ter passado quase duas horas e meia dentro de ônibus, indo e vindo dos trabalhos e das atividades do dia-a-dia, respirando fumaça.
Não ando de ônibus todo dia, então não sei qual a rotina, nem sei dizer se o trânsito estava melhor ou igual a sempre por causa da data. O que sei é que toda vez que tenho que encarar uma dessas situações, penso em como eu quero morar, estudar e trabalhar perto do centro pra sempre. Em como eu quero nunca ter um carro nessa vida. E às vezes penso no dia em que vou acabar comprando um carro porque minha mentalidade ou minha vida vão mudar e eu vou achar que isso é necessário, e me angustio pra caramba.
Enfim. Tenho que ir para a aula (a pé).
Recomendo ler, sobre o Dia Sem Carro: Blogueiras Feministas, Sul21
Abraços.
Em Porto Alegre, o dia foi marcado com a inauguração da construção de uma ciclovia na Avenida Ipiranga, uma das maiores
Pessoalmente, acho lindo o povo que tem coragem de andar por Porto Alegre de bicicleta. Admiro mesmo. Não posso andar de bicicleta porque não me sinto bem nelas. Sabe aquele tipo de pesadelo que todo mundo tem às vezes, repetidamente, de que está sendo perseguido e não consegue correr? O meu pesadelo é que estou em cima de uma bicicleta que não consegue parar, e fico atropelando e derrubando coisas, pessoas, bichos. É ridículo, eu sei. Mas me dá uma angústia. Prefiro ir a pé ou andar de ônibus, que apesar de ser caro, eu não acho ruim. Apesar disso, vou acompanhar com muita ansiedade a implantação dessa ciclovia, porque ela representa não só a possibilidade desse povo se locomover com segurança, mas também a institucionalização de uma mudança de pensamento. A ciclovia me diz: "alguém que tem poder e dinheiro está tentando fazer o povo deixar os carros um pouco de lado, em benefício das pessoas". Nesse mundo maluco em que muitas vezes os discursos só são valorizados quando podem ser vendidos, esse tipo de coisa mostra que pode acontecer uma mudança no pensamento. Dá uma esperançazinha no peito... mas meu lado racional duvida que a ciclovia vá ser respeitada. Aqui na Rua da República tem uma ciclovia que é uma ofensa a quem usa bicicleta como meio de transporte. Ela SEMPRE é usada como estacionamento para carros e já vi mais de um motorista buzinando, irritado, para algum herói que resolveu andar de bicicleta naquela via. Vamos ver como vai ser lá na Ipiranga. Tomara mesmo que seja diferente.
Pra mim, o que marcou o Dia Sem Carro foi a ironia de ter passado quase duas horas e meia dentro de ônibus, indo e vindo dos trabalhos e das atividades do dia-a-dia, respirando fumaça.
Não ando de ônibus todo dia, então não sei qual a rotina, nem sei dizer se o trânsito estava melhor ou igual a sempre por causa da data. O que sei é que toda vez que tenho que encarar uma dessas situações, penso em como eu quero morar, estudar e trabalhar perto do centro pra sempre. Em como eu quero nunca ter um carro nessa vida. E às vezes penso no dia em que vou acabar comprando um carro porque minha mentalidade ou minha vida vão mudar e eu vou achar que isso é necessário, e me angustio pra caramba.
Enfim. Tenho que ir para a aula (a pé).
Recomendo ler, sobre o Dia Sem Carro: Blogueiras Feministas, Sul21
Abraços.
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Homofobia, você já está envolvido nisso
Hoje, no Jornal do Almoço da RBS TV - Porto Alegre, foi apresentada uma matéria sobre gays e homofobia no RS. Não vi a matéria inteira, mas a parte que vi já me motivou a escrever esse post.
Você também se cala?
Abraços e bom fim de semana.
Tenho alguns pés atrás com jornalismo, porque boa parte da mídia se posiciona como se estivesse dando "A Notícia", mostrando "A Verdade" d"Os Fatos", quer dizer, como se aquilo que eles mostram fosse imparcial e apartidário e não apenas uma das formas possíveis de se contar uma história. Nesse caso, a parte que eles mostraram foi a parte que eu concordo, então achei muito bom ;)
Aqui está o link para o vídeo do 4º bloco do programa.
Na parte que vi, foi apresentada uma enquete feita com os internautas sobre manifestações de carinho entre homossexuais, e o resultado me deixou realmente chocada.
40% dos entrevistados achavam "estranho" e mais de 25% achavam chocante! Carinho, chocante?!!
Na mesma matéria, um ator foi colocado no centro de Porto Alegre, representando um gay pedindo assinaturas contra a homofobia. Todas as pessoas mostradas na reportagem foram contrárias (eu realmente espero que tenha havido comentários a favor! Eu QUERO ter fé na humanidade). A identidade das pessoas foi preservada, mas a maioria das pessoas que apareceram era homem, branco, jovens ou de meia-idade e bem-vestidos. Gente que provavelmente não faz nem ideia do que é sofrer preconceito por ser o que se é.
Um comentário me impressionou particularmente, de uma pessoa dizendo que "não queria se envolver". Me emputeci. Che, não dá pra não se envolver, não existe imparcialidade numa coisa assim. Se você não está contra a violência e a discriminação, então você está favorecendo ela, necessariamente, quer goste disso quer não. Tá na lei, se você vê um crime sendo cometido e não faz nada para pará-lo, está sendo cúmplice e a pena pode ser tão grande quanto a pena do próprio crime.
Então, o amor é chocante pra um quarto das pessoas que responderam a enquete, mas só o amor, porque pelo jeito a violência não choca; todos sabem o que acontece mas "não quer se envolver", né?
Nojo desse mundo.
Termino o post com uma citação que um amigo meu compartilhou.
Primeiro, os nazistas vieram buscar os comunistas,mas, como eu não era comunista, eu me calei.Depois, vieram buscar os judeus,mas, como eu não era judeu, eu não protestei.Então, vieram buscar os sindicalistas,mas, como eu não era sindicalista, eu me calei.Então, eles vieram buscar os católicos e,como eu era protestante, eu me calei.Então,quando vieram me buscar...Já não restava ninguém para protestar.
--- MARTIN NIEMÖLLER ---
Você também se cala?
Abraços e bom fim de semana.
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
Introspectiva em recuperação
Ser tímidx não é fácil. Ainda mais quando, no fundo no fundo, você é ácidx, temperamental, de personalidade forte.
E ao mesmo tempo curiosx, abertx, generosx. E tudo isso com intensidade, com profundidade, ao mesmo tempo, agora.
O que as pessoas normalmente chamam de alguém "sensível".
Num mundo que está o tempo todo reforçando esteriótipos, quando você olha pra si e se vê assim múltiplx, é como se você fosse um monte de estilhaços.
Parece que é você que tem valores estranhos, e não a sociedade.
Se você está sozinhx, tudo toma proporções maiores ainda. As ideias podem se enrolar e deturpar sem nenhuma interferência. Inseguranças viram certezas, dúvidas viram pavores. E se você sabeou pensa que não há alguém que vá lhe ouvir sem lhe desprezar, a solução mais óbvia é se fechar no seu próprio mundo e fingir que está tudo bem.
Até que um dia você percebe que, enquanto você espera a hora certa pra falar algo realmente legal, as pessoas estão pensando que você não tem nada pra dizer.
Que, por não querer que as pessoas tenham pena de você, você toma atitudes arrogantes.
Que por tentar não incomodar os outros com a própria estranheza, as pessoas te vêem como alguém que anda por aí se esgueirando.
E o que é pior: uma hora você percebe que ninguém está contra você. E que, às vezes, você mesmo vê outras pessoas assim.
Quando adolescente, eu tentei me encaixar em vários grupos. Nunca consegui, e me arrependi de várias coisas que fiz.
Hoje, acho que nunca quis me encaixar em grupo nenhum. O que eu queria era ter uma referência, umas verdades absolutas para acreditar, regras pra nortearem a minha vida, coisa que não tive "de berço" e, pela imaturidade, não poderia estabelecer sozinha. Mudava de foco simplesmente porque não encontrava a verdade naquele grupo.
Se dar conta de que não existe verdade absoluta sobre o que é certo ou não é, sobre as pessoas, sobre você mesmo, talvez seja a parte mais difícil da vida dx tímidx. Se convencer de que você não tem obrigação de saber a reação das pessoas. De que não existe um culpado quando alguém não gosta do que você faz.
Hoje tenho algumas crenças, tenho algumas verdades em que acredito, mesmo sendo meio capengas.
Uma delas é de que, depois de tanto tempo fechada em mim mesma, tempo que passei lendo, estudando, ouvindo boa música, eu tenho sim algo a acrescentar, e que as pessoas podem sim se interessar pelo que eu penso. Quando a gente vai crescendo e virando gente grande, como diz uma amiga, se consegue uma certa autossuficiência em motivação, você é menos desengonçadx do que na adolescência, a vida vai se ajeitando, e você pode chegar à conclusão de que dá, sim, pra gostar de si, até com seus gostos e opiniões estranhos (volta e meia até se encontra gente que concorda!).
E a partir daí dá para se questionar até que ponto são as suas atitudes que fazem as pessoas não gostarem de você, até que ponto você é azaradx mesmo. Dá pra desenvolver a capacidade analisar seu próprio comportamento: o que eu penso/faço porque é o que eu acho certo, e o que eu penso/faço só porque alguém disse que deve ser assim?
E, a partir da reflexão, se corrigir. Cortar ou diminuir relações com pessoas que não acrescentam. Se policiar pra não ficar quietx, pra não fingir que não estou lá.
Outra crença que tenho é de que o problema que te que ser vencido não é algo meu, nem da sociedade, mas sim essa sensação de intervenção externa, como uma cortina de palco que baixa toda vez que eu vou ser protagonista. Acho que desenvolver espontaneidade é uma questão de simplesmente (simplesmente??) passar pelo meio do pano. É isso que tem que ser feito: Fazer. Fake it, until you make it. Estou me habituando a agir mais, falar mais, mesmo que eu não me sinta tão bem no começo. A ser o que me ensinaram que é ser intrometido, inconveniente: me importar, me impor, ir atrás.
Claro que às vezes caio no desequilíbro.
Ainda sou muito apegada à verdade, e me faltam várias verdades, acho que sempre vai faltar. Ainda me vem a sensação de vazio sob os pés, de vez em quando. E daí eu me fecho. Mas acho que faz parte. Um dia eu vou ser experiente nisso, e aí as coisas vão ser mais fáceis.
Tem um ditado japonês que diz assim:
E ao mesmo tempo curiosx, abertx, generosx. E tudo isso com intensidade, com profundidade, ao mesmo tempo, agora.
O que as pessoas normalmente chamam de alguém "sensível".
Num mundo que está o tempo todo reforçando esteriótipos, quando você olha pra si e se vê assim múltiplx, é como se você fosse um monte de estilhaços.
Parece que é você que tem valores estranhos, e não a sociedade.
Se você está sozinhx, tudo toma proporções maiores ainda. As ideias podem se enrolar e deturpar sem nenhuma interferência. Inseguranças viram certezas, dúvidas viram pavores. E se você sabe
Até que um dia você percebe que, enquanto você espera a hora certa pra falar algo realmente legal, as pessoas estão pensando que você não tem nada pra dizer.
Que, por não querer que as pessoas tenham pena de você, você toma atitudes arrogantes.
Que por tentar não incomodar os outros
E o que é pior: uma hora você percebe que ninguém está contra você. E que, às vezes, você mesmo vê outras pessoas assim.
Ninguém sabe se ela se esconde para se proteger ou para atacar |
Hoje, acho que nunca quis me encaixar em grupo nenhum. O que eu queria era ter uma referência, umas verdades absolutas para acreditar, regras pra nortearem a minha vida, coisa que não tive "de berço" e, pela imaturidade, não poderia estabelecer sozinha. Mudava de foco simplesmente porque não encontrava a verdade naquele grupo.
Se dar conta de que não existe verdade absoluta sobre o que é certo ou não é, sobre as pessoas, sobre você mesmo, talvez seja a parte mais difícil da vida dx tímidx. Se convencer de que você não tem obrigação de saber a reação das pessoas. De que não existe um culpado quando alguém não gosta do que você faz.
Hoje tenho algumas crenças, tenho algumas verdades em que acredito
Uma delas é de que, depois de tanto tempo fechada em mim mesma, tempo que passei lendo, estudando, ouvindo boa música, eu tenho sim algo a acrescentar, e que as pessoas podem sim se interessar pelo que eu penso. Quando a gente vai crescendo e virando gente grande, como diz uma amiga, se consegue uma certa autossuficiência em motivação, você é menos desengonçadx do que na adolescência, a vida vai se ajeitando, e você pode chegar à conclusão de que dá, sim, pra gostar de si
E a partir daí dá para se questionar até que ponto são as suas atitudes que fazem as pessoas não gostarem de você, até que ponto você é azaradx mesmo. Dá pra desenvolver a capacidade analisar seu próprio comportamento: o que eu penso/faço porque é o que eu acho certo, e o que eu penso/faço só porque alguém disse que deve ser assim?
E, a partir da reflexão, se corrigir. Cortar ou diminuir relações com pessoas que não acrescentam. Se policiar pra não ficar quietx, pra não fingir que não estou lá.
Outra crença que tenho é de que o problema que te que ser vencido não é algo meu, nem da sociedade, mas sim essa sensação de intervenção externa, como uma cortina de palco que baixa toda vez que eu vou ser protagonista. Acho que desenvolver espontaneidade é uma questão de simplesmente (simplesmente??) passar pelo meio do pano. É isso que tem que ser feito: Fazer. Fake it, until you make it. Estou me habituando a agir mais, falar mais, mesmo que eu não me sinta tão bem no começo. A ser o que me ensinaram que é ser intrometido, inconveniente: me importar, me impor, ir atrás.
Claro que às vezes caio no desequilíbro.
Ainda sou muito apegada à verdade, e me faltam várias verdades, acho que sempre vai faltar. Ainda me vem a sensação de vazio sob os pés, de vez em quando. E daí eu me fecho. Mas acho que faz parte. Um dia eu vou ser experiente nisso, e aí as coisas vão ser mais fáceis.
Tem um ditado japonês que diz assim:
Para atingir um determinado objetivo, você precisa tornar-se um tipo de pessoa. Uma vez que se torne essa pessoa, o objetivo não vai mais parecer importante.Meu objetivo já foi saber me comunicar, ter muitos amigos, fazer as pessoas entenderem meus pontos de vista, entenderem quem eu sou. Sinto que estou no processo de me tornar essa pessoa comunicativa e acessível. E quanto mais comunicativa e acessível eu fico, mais eu vejo o quão pequeno é esse objetivo inicial. Quanto mais gente eu conheço, mais vejo que tenho muito pouco a oferecer. Menos convicção tenho nas minhas certezas pessoais, sobre o mundo, sobre mim mesma. O enriquecimento de conhecer as pessoas está em compreender, aprender, compartilhar, e não em ser compreendido.
domingo, 4 de setembro de 2011
Sexy sem apelar [2]
dos comentários:
Would she even get hired for this gig today? She dresses like a librarian, and now you gotta look like a hooker. Ella: pure class, pure genius. And Joe, same to you.
de minha parte: só arrepios.
sexta-feira, 2 de setembro de 2011
Porque que ela não cobra?
Sabem o blog da Letícia, Cem Homens? Está ali no canto linkado. É um dos blogs que eu leio quase todo dia e que já recomendei pra muita gente, por falar de sexo de um jeito super leve, natural, sem apelação. Esse blog, como qualquer coisa boa e/ou que fale de sexo da blogosfera, está bombando e começou a ganhar destaque até nos maiores portais.
Tanto que nessa semana (mais precisamente anteontem, dia 31) foi veiculada uma entrevista com uma pessoa que se passou pela Letícia, no programa "Show do Antonio Carlos" na rádio Globo.
A Lola se deu ao trabalho de transcrever a entrevista, que já foi tirada do ar. Quem tiver estômago, leia. É recheada de desrespeito, preconceito, ignorância.
Basicamente, a Letícia é pintada como a "nova Bruna Surfistinha" (?) que quer "bater um recorde" de transar com cem homens em um ano (não há um interesse em porque ou em que situação ela faz isso). Fazem perguntas sobre onde ela leva os caras pra transar, se está tirando fotos, se está "tudo no lugar". E claro, perguntam se ela cobra pra transar. Claro que ela tinha que cobrar, né? Porque só homem gosta de sexo, né? Transando de graça ela tá saindo no prejuízo, tá se desvalorizando.
Quando a equipe da globo ficou sabendo que a suposta Letícia era falsa, publicou uma retratação
Bem. Isso tudo podia ser só problema dela, mas não é. Isso aí me atingiu muito.
Ela não cobra porque está ganhando muito ao se relacionar com gente diferente. Ela ganha experiência de vida (coisa tão valorizada nos homens). Conhecendo e aprendendo a lidar com as pessoas ela está conhecendo o mundo ao seu redor também.
E tem também o lucro de saber que está mudando a sua vida, mas também a de muita gente. Nossa cultura é muito individualista, imediatista, e isso realmente não é bom em todos os sentidos, mas único jeito de não exagerar e cair no desequilíbrio é se conhecendo. E uma das melhores formas de se conhecer é viver, compartilhar a experiência, receber feedback - e do lado d@s leitor@s, observar as experiências dos outros, empatizar, ver se aquilo cabe para si ou não. Assim todo mundo cresce. E é por isso que eu acho a Letícia uma mulher admirável: por compartilhar essa coisa de que tão pouca gente fala e tanto se precisa ouvir, que é a sexualidade das mulheres. Por isso eu fiquei indignada quando reduziram ela a uma mera "caçadora de recordes". Toda mulher é Letícia às vezes, mesmo que só em pensamento. Desrespeitar ela é desrespeitar todas nós.
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
Dia da Visibilidade Lésbica
Oi povo,
pensei, pensei e não consegui parir um post para incluir na blogagem coletiva convocada pelas Blogueiras Feministas: sobre o Dia da Visibilidade Lésbica. Hoje acordei metódica e exata e não me saiu nada de sensível o suficiente que fizesse merecer figurar ao lado das belezas que estão participando. Mas não posso deixar de divulgar:
http://blogueirasfeministas.com/2011/08/blogagem-coletiva-visibilidade-lesbica/
Meu preferido até agora:
Com uma escrita clara assim é difícil não ver como o preconceito contra as lésbicas tem no seu fundo o preconceito contra todas as mulheres. Tudo o nós mulheres fazemos é desimportante, não precisa/merece ser levado a sério; se não for uma coisa "fútil" por natureza, algum motivo fútil nos arranjam por tê-lo feito... No caso das lésbicas, a compreensão que é negada é a da própria identidade. Enfim. Muito assunto, muito motivo pra se indignar e pra dar apoio à causa delas, que também é minha e de todas as mulheres, mesmo que não saibam (ainda vou escrever um post sobre isso, me aguardem...!)
Abraços e boa leitura! :)
pensei, pensei e não consegui parir um post para incluir na blogagem coletiva convocada pelas Blogueiras Feministas: sobre o Dia da Visibilidade Lésbica. Hoje acordei metódica e exata e não me saiu nada de sensível o suficiente que fizesse merecer figurar ao lado das belezas que estão participando. Mas não posso deixar de divulgar:
http://blogueirasfeministas.com/2011/08/blogagem-coletiva-visibilidade-lesbica/
Meu preferido até agora:
Somos mulheres que subvertem a ordem do sexo frágil, da dependência e da subserviência. Somos mulheres que não seguem o “manual de boas práticas femininas”, que dita modos de vestir, de agir, de falar, de ser e estar no mundo. Somos revolucionárias na acepção própria da palavra: fazemos uma transformação radical na estrutura da sociedade. Estamos onde supostamente mulheres não deveriam estar. É ainda espantoso para muitos, por exemplo, aceitar que duas mulheres possam viver sem um homem. Como vão resolver tarefas cotidianas tidas como masculinas? Não irá lhes faltar força? Jeito? Tino? Há ainda as tentativas de ridicularizar, diminuir e não reconhecer nossa sexualidade. Há uma desqualificação fálica de nosso sexo. Para machistas de carteirinha – e uniforme completo! – lésbicas não trepam de verdade, apenas brincam de se esfregar. Sim, meninas, como se fosse pouco e somente o que fizéssemos. Mas a despeito das agressões e desqualificações, seguimos subvertendo a ordem, desconstruindo certezas e quebrando o que estaria estratificado.
Continue lendo em Lésbicas: orgulho e visibilidade por Ivone Pita
Com uma escrita clara assim é difícil não ver como o preconceito contra as lésbicas tem no seu fundo o preconceito contra todas as mulheres. Tudo o nós mulheres fazemos é desimportante, não precisa/merece ser levado a sério; se não for uma coisa "fútil" por natureza, algum motivo fútil nos arranjam por tê-lo feito... No caso das lésbicas, a compreensão que é negada é a da própria identidade. Enfim. Muito assunto, muito motivo pra se indignar e pra dar apoio à causa delas, que também é minha e de todas as mulheres, mesmo que não saibam (ainda vou escrever um post sobre isso, me aguardem...!)
Abraços e boa leitura! :)
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
György Ligeti: Quarteto de cordas n.1 "Métamorphoses nocturnes" -
III. Adagio, mesto
IV. Presto
Artemis Quartett
Manhã de chuva, seus pés frios. No peito, uma certeza que você preferia não ter.
Revolta impotente. Esperança transfigurada.
Seus pensamentos envoltos no alento desconfortável de saber que, na verdade, você sempre soube.
terça-feira, 23 de agosto de 2011
Renovação, a explicação
Só pra matar a saudade de escrever.
Coloca pra tocar aí a música que linquei, e imagina um lindo dia frio, ventoso e chuvoso, que tu vai entender melhor meu humor de hoje.
Não fui irônica quando disse que era um dia lindo.
A sensação de obedecer a si próprio é indescritivelmente boa. É emponderante, como dizem minhas colegas-amigas feministas. Essa sensação toda vem de saber que não adiei uma atitude que precisava ser tomada - sabe como é? Aquela coisa que te incomoda e você sabe que não vai mudar. Fui lá é pá. Dei um jeito. Daí que estou leve como uma pluma agora.
O big deal é que sempre fui a pessoa que engole sapo. Não desde criancinha, mas desde muito nova, me acostumei a achar que os sentimentos dos outros eram mais importantes que os meus. E como não podia deixar de ser, sempre acabei caindo em relações destrutivas, opressivas. Meu maior desejo sempre foi que isso mudasse.
A diferença do "sempre foi" para o "é" é que de uns tempos pra cá percebi que isso não se tratava simplesmente de ter o azar de pechar com as pessoas erradas. Mas sim era uma questão de atitude - eu atraía as pessoas erradas, pela minha natureza defensiva. Ou pior; talvez eu transformasse pessoas razoáveis em pessoas escrotas, pela oportunidade que eu dava a elas de se sentirem mais legais pisando em alguém. Não é assim que tanta gente diz? Pra ser o esperto, tu tem que estar por cima. Hoje eu me senti por cima, sem ter pisado em ninguém. Estou no meu lugar. Minha mente e meu corpo estão em acordo.
Só me resta me dar um autoabraço e dançar essa música deliciosa agarradinha com a pessoa mais foda do dia. o/
Renovação
Fazia tempo que eu não me sentia tão bem em um dia frio e chuvoso como o de hoje.
De fato, me sinto tão bem que vou fazer uma nova tentativa de escrever com alguma frequência aqui no blog.
Como foi muito impressionante reler o blog e perceber como mudei desde a última vez que postei, tratei de fazer uma arrumação. O visual está novo, e os assuntos provavelmente serão mais curtos e menos sérios, provavelmente mais específicos, ou seja, mais a cara da Mariana de 2011 - não sei se isso é uma vantagem ou desvantagem, mas vamulá.
Começo por dizer como estou: muito bem. Muito livre, como sempre me senti, com alguns agravantes. Com menos medo de me expressar mal do que na postagem anterior a essa. Com mais vontade de construir e aprender com as relações com pessoas parecidas comigo - isso chama o último item, talvez mais importante: com menos desconfiança nas pessoas, de uma forma geral. Ou mais confiança em mim. Ou as duas coisas.
Terminando meu bacharelado em Música na UFRGS nesse semestre, com um recital de graduação para encaminhar, tenho pouco tempo disponível, porém muito para dizer, ponderar, organizar mentalmente - não dizem que escrever é uma forma de ordenar os pensamentos?
Abri o blog em 2010 como um exercício de redação, pra melhorar minha expressão. Agora, o objetivo será mais ou menos o mesmo, porém numa dimensão diferente; vou escrever o que achar que necessito. Veremos se essa coisa de espontaneidade é assim fácil, e assim apreciada, realmente.
Abraço, Mariana
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